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Mulheres empreendedoras inspiram e empregam outras mulheres em Belém

Karen Castro, Gessica Meireles e Lana Lima contam as vantagens e desafios de serem donas do próprio negócio

Daleth Oliveira

Cada vez mais, as mulheres vêm tomando a liderança no mercado de trabalho, ocupando cargos de destaque, sendo chefes de empresas dos mais diversos portes ou abrindo o próprio negócio. Exemplo disso é que no ano passado, 56,6% das novas empresas abertas do tipo MEI (Microempreendedor Individual) foram de mulheres, revelam dados da Junta Comercial do Pará (Jucepa). Os cargos de chefia ainda são dominados em sua maioria por homens, mas esse quadro vem mudando ano após ano.

Inspirando e empregando outras mulheres, o empresariado feminino paraense vem ocupando um espaço que antes era negado. Karen Castro, 26 anos, especialista em megahair, ocupa esse lugar há 10 anos em Belém. Ela conta que as mulheres da família foram sua inspiração para investir na carreira no setor da beleza.

“A minha avó que começou a trabalhar com alongamento de cabelos há muitos anos. Ela ensinou as técnicas para minha mãe que anos depois me ensinou. Quando fiz 16 anos, ainda cheguei a fazer faculdade de Direito, mas eu já estava apaixonada por megahair então tomei a decisão de continuar nesta carreira e foi a melhor escolha que eu fiz”, relata Karen.

Ela começou a atender na própria residência, mas o sucesso foi tanto que logo veio a necessidade de ir para um espaço maior. Hoje, Karen tem um salão no bairro da Cremação, capital paraense, onde atende clientes que sonham em ter um cabelo longo, volumoso e mais saudável. “Eu amo o que faço. Não é só colocar as mechas na cabeça das pessoas, mas sim, cuidar da autoestima delas e mudar a forma que elas se sentem. Aqui, as mulheres chegam de um jeito e saem de outro totalmente diferente. Então, isso já virou um propósito de vida para mim”, conta emocionada.

Sobre o mercado de trabalho, Karen acredita que hoje o mundo está mais aberto para mulheres empresárias, entretanto, muitas ainda têm medo. “As mulheres têm uma capacidade mas o problema é o medo. Medo do novo, de sair de uma empresa e abrir uma própria empresa. Medo de não ter clientes e dar errado. Mas acredito que quando a gente deixa o medo de lado e coloca a nossa fé em ação, tudo fica mais tranquilo”, comenta a empreendedora.

Vantagens de empreender

Para Karen, a possibilidade de fazer o próprio horário é a maior vantagem em ser a chefe. “Quando eu trabalhava no salão da minha mãe, eu cumpria um horário estabelecido. Eu trabalhava desde às 9h da manhã e, às vezes, não tinha hora para terminar. Hoje, dona do meu próprio negócio, faço meu horário. Então, ter essa flexibilidade, fazendo a minha agenda, mudou totalmente a minha vida”, afirma a empreendedora.

“No começo, eu até achava estranho poder fazer o que eu quisesse durante o dia, marcar com clientes na hora que fosse melhor pra mim. Porém, hoje tenho convicção de que essa foi a melhor escolha que fiz na vida. Além do fato de poder empregar outras pessoas. Acredito que o sentido de tudo é esse, poder proporcionar para outras mulheres uma profissão, uma fonte de renda”, completa.

Gessica Meireles, tem 31 anos e é dona de uma empresa de bronzeamento em Belém, a GM Bronzeamento. Ela conta que em seis anos à frente do empreendimento, a qualidade de vida melhorou justamente por conta da flexibilidade de horários. “Tenho autonomia para decidir meus dias e horários de trabalho, consigo criar minha própria rotina. Trabalhar é bom, mas ter qualidade de vida é melhor ainda. Demorei para entender isso, mas, agora que consegui, não volto atrás”, garante.

A empresária passou dos 18 aos 25 anos trabalhando em regime CLT, até que decidiu viver uma nova vida. “Percebi que eu tinha capacidade de fazer além, e o bronze na laje foi a grande virada de chave para mudar a minha vida. É o que me faz ser reconhecida e ter autoridade no ramo onde atuo. Para chegar até aqui, enfrentei caminhos bastante árduos, mas hoje tenho orgulho de ser inspiração para muitas mulheres”, narra, orgulhosa.

Lana Lima, de 27 anos, empreende com o marido em uma loja de venda de veículos em Belém, a V3 Veículos. Ela pontua que a vantagem de ser dona do próprio negócio é não deixar o próprio sucesso nas mãos de outras pessoas. “É maravilhoso saber que seu crescimento só depende de você, do seu esforço, isso é um benefício. Mas é uma responsabilidade imensa ao mesmo tempo”, explica.

Ela revela que tem a alma empreendedora desde criança, quando ganhava dinheiro brincando de pintar as unhas das mulheres da família. Mas passou a levar o jeito de ganhar a vida a sério quando precisou inovar para ter uma renda fixa por volta do ano de 2016. “Quando eu me formei em filosofia, não consegui emprego na minha área. Então, abri uma loja de roupa online, o que na época deu muito certo, mas depois percebi que eu poderia trabalhar também como digital influencer. Também foi uma forma de empreender, só fui mudando de ramo”, explica.

Desafios

Com uma década de experiência, Karen Castro fala que o maior desafio foi aprender a lidar com diferentes tipos de pessoa, para, assim, melhor atendê-las. “Cada cliente tem um jeito próprio; algumas pessoas chegam aqui com problemas e eu preciso lidar com isso. Então, para trabalhar com pessoas, é importante que sejamos mais compreensívas. Tudo mudou quando entendi essa regra”, relembra.

Para Gessica, tem sido desafiador dar conta de todas as áreas da vida. “Ser responsável pelas atividades profissionais, pessoais, familiares e sociais é uma grande barreira para nós, mulheres, assumirmos o empreendedorismo. Aliás, conciliar inúmeras responsabilidades envolve uma série de desafios a serem superados. Hoje, já consigo ter essa organização e sei identificar o que é mais importante no momento. Mas, garanto, todo esforço é reconhecido e colheremos bons frutos no futuro”, considera.

Lana diz que um dos desafios mudar o entimento de algumas pessoas sobre o empreendedorismo feminino. “Quando eu tinha loja de roupas, sempre falavam 'você tem uma lojinha, né?', sempre no diminutivo, como se fosse algo que não tivesse perspectiva de crescimento, que não gerasse lucro. Hoje, com a loja de carros, acontece a mesma coisa. A desvalorização do nosso trabalho é a parte ruim do negócio”, observa.

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