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Empresas que começaram em casa fazem sucesso em Belém

Empreendedores criaram negócios em cômodos de residências e agora contam com equipe e grande clientela

Elisa Vaz

A determinação diária de empreendedores é o que faz os negócios locais terem sucesso. Isso beneficia toda a economia paraense, porque o comércio fica mais movimentado, pessoas são empregadas e há mais geração de renda – em suma, as engrenagens da economia giram por causa de pessoas que se dedicam a ideias e transformam pequenas iniciativas em negócios de sucesso. Mas o caminho é longo, e antes de chegar ao topo da escada os empreendedores precisam avançar degrau por degrau, investindo aos poucos para conquistar uma clientela cada vez maior.

Pães, queijos, bolos, biscoitos, milk shakes, doces e compotas, além de refeições com entrega diária. Tudo isso é vendido na Verderosa, empresa que surgiu de um “bico” há cinco anos e se estabeleceu no mercado belenense. O diferencial é que todos esses alimentos são veganos, direcionados a pessoas que seguem a dieta e as que querem ter um consumo mais consciente e sustentável.

A dona da padaria é a empresária Petra Furtado Marron, de 28 anos. Ela conta que cursava a graduação de direito e, por fora, vendia mel em feiras orgânicas junto com o pai, que é apicultor. Na época, começou a fazer produtos veganos para vender com o intuito de completar a renda, mas, ao final da faculdade, teve que tomar a decisão de seguir na carreira de advogada e largar a venda ou continuar com o negócio. A escolha de Petra foi a segunda opção, e até hoje ela não se arrependeu.

Nos cinco anos de atuação, muita coisa mudou na Verderosa, e hoje a empresária conta com a ajuda de uma equipe, mesmo que pequena. “Quando eu comecei, fazia absolutamente tudo sozinha, desde comprar ingredientes, cozinhar, administrar, limpar e divulgar. Era extremamente cansativo. Eu brinco que era como se um caminhão que faz macrodrenagem passasse por cima de mim. Eu me sentia assim no final do expediente. Mas, desde que eu decidi investir na empresa e passei a pensar nela como um negócio, a empresa começou a crescer. Na pandemia, muitos novos clientes chegaram até nós, por estarem buscando formas mais práticas e saudáveis de se alimentar”, relata.

Crescimento

A primeira cozinha ficava na própria casa de Petra, em um quarto. Pouco a pouco ela foi melhorando as condições de trabalho, separando a Verderosa de sua vida pessoal. Transformou o quarto em uma cozinha mais adaptada, com pia e bancada. Como era no bairro da Marambaia, assim que guardou mais dinheiro Petra reinvestiu, alugou uma casa no centro de Belém, onde ela morava, e criou um espaço para trabalhar, já com conta bancária própria da empresa, Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), celular e contabilidade empresariais. Onde a padaria funciona hoje é o primeiro lugar em que Petra nunca morou – ela já alugou com a intenção de que fosse exclusivamente para a Verderosa. Parte do imóvel já foi reformada e existe uma cozinha profissional, pensada para atender às necessidades da empresa.

Sentir a demanda crescente, na opinião de Petra, foi animador, mas muito trabalhoso. Ela lembra que passou muitas noites dormindo apenas algumas horas, trabalhando madrugada adentro, mas diz que tudo tem valido a pena. Hoje, a empresária já percebe a expansão do negócio. Além de poder arcar com o custo de uma pequena equipe, é possível custear o aluguel de um espaço exclusivo para a Verderosa e também investir na empresa por meio de consultoria de gestão e planejamento estratégico. As redes sociais cresceram, e isso também traz mais visibilidade à padaria, diz.

Outra evolução, para Petra, é que sua família já reconhece que a decisão tomada lá atrás de não seguir a carreira de advocacia foi certeira. “Eu tô feliz, e tenho propósito. A Verderosa já tem, dentro do nosso microcosmo de influência, um reconhecimento. Já participamos de eventos e feiras, e ganhamos bagagem para continuar tocando o negócio de uma forma mais assertiva. Estamos longe de saber muito, mas temos muita vontade de continuar fazendo o que fazemos, da melhor maneira possível, e sempre melhorando”.

Os carros-chefes da empresa, hoje, são bolo de chocolate, pão de batata recheado com tomate seco e manjericão, queijo de castanha do Pará, biscoito de castanha e cumarú; são esses alguns dos produtos mais vendidos. Segundo a proprietária, vários clientes que não são veganos também amam os produtos, e muitos “desavisados” nem desconfiam de que se trata de um item que não tem origem animal.

O objetivo para o futuro é abrir um espaço físico aconchegante para receber os clientes. “Queremos abrir a padaria cedinho, com pão fresco, sentir o cheiro de café invadindo o espaço, começando o dia. Além disso, também queremos promover cursos de culinária e emancipação alimentar no segmento vegano. Temos muitos projetos ainda engavetados, que dialogam com o conceito da Verderosa, mas ainda não chegou a hora de executar”, adianta Petra.

Amigos criam marca de roupas

Em outro ramo, mas também fazendo sucesso, a marca de roupas local Fella Clothing está no mercado há quase seis anos e surgiu a partir de uma amizade entre pessoas que tinham vontade de empreender e criar um negócio próprio, principalmente porque achavam difícil encontrar no mercado local peças interessantes que tivessem um estilo diferente, com referências de fora – uma lacuna em Belém.

Hoje, os produtos oferecidos são de moda masculina e casual, desde camisas de botão de manga longa feitas de linho até shorts de praia e bermudas de linho, entre outras peças complementares, como cuecas e acessórios. O negócio, que começou na varanda de uma casa, com vendas online, agora tem espaço físico e uma equipe de funcionários para auxiliar no atendimento ao público.

“Uma das nossas principais missões é entregar ao nosso cliente um produto de excelência. E enxergávamos essa oportunidade no mix de produtos porque era a nossa necessidade e de pessoas ao nosso redor, e visualizamos isso – que tinha pouca opção aqui, pouca variedade de cores e não havia um produto de excelência. Então, fomos em busca disso e, por meio desta oportunidade, chegamos no mercado e resolvemos esse problema dos nossos clientes”, explica Lucas Rendeiro, sócio-proprietário da marca.

Desde que o negócio foi criado, passou por muitas evoluções, de acordo com o outro sócio, Paulo Titan. A empresa começou desconhecida e com empreendedores inexperientes na gestão de negócios e no setor de vestuário. Por isso a loja passou por diversas mudanças: os proprietários passaram a investir na análise de números e no gerenciamento de despesas e investimentos, depois na gestão de pessoas quando começaram os recrutamentos e na comunicação, para ficar mais alinhada com o público.

“Nós profissionalizamos o negócio. Começamos online, depois fomos vender em barbearias, participamos de eventos locais no Centur para validar a nossa ideia, como a maioria dos empreendedores, com multitarefa, fazendo várias coisas ao mesmo tempo. Com o passar do tempo, enxergamos a necessidade de profissionalizar cada setor do negócio. E óbvio que isso gerou muito resultado. Foi uma evolução muito grande. A partir do momento em que temos uma equipe crescendo e pessoas com as quais podemos contar, o trabalho fica muito mais assertivo”, avalia Lucas.

O empresário conta que a virada de chave para abrir a primeira loja física foi conquistar uma base mínima de clientes. O espaço media 16 metros quadrados, onde o funcionamento permaneceu por um ano. Depois disso, a marca “estourou”, lembra, e cresceu ao ponto de que o trabalho já não podia ser feito em um lugar tão pequeno – com o movimento, nem sempre era possível comportar dentro da loja todos os clientes, até porque os produtos acabavam amontoados e não eram expostos da melhor maneira. “Estava gritando a necessidade de darmos o passo para uma nova loja”, relata. No ano passado, em maio, o novo espaço foi inaugurado: um salão com 90 metros quadrados, com garagem e área de back-office.

Um dos diferenciais da marca é que os donos se preocupam muito com a experiência do cliente. “Quando começamos vendendo online, pensávamos em uma experiência diferente para ser proporcionada ao cliente. Quando demos o passo para a nova loja, também foi para ele ver uma diferença. Não é a mesma coisa. O online entrega, mas não tem um teto. Na física conseguimos trabalhar, por exemplo, o aroma da loja, a música que está tocando, o contato com o vendedor, então a comunicação fica diferente. Temos um aroma próprio desenvolvido para a marca, brindes personalizados, café, oferecemos cerveja como cortesia dentro da loja. Tudo isso para o cliente vivenciar uma experiência completa. E o produto faz parte disso. Ele se sente no ambiente como se estivesse conversando com um amigo”, explica o empresário Lucas Rendeiro.

Mesmo que os empreendedores já tenham conseguido crescer de forma significativa comparado ao início da marca, eles entendem que isso é só o começo. Paulo Titan adianta que há pretensão de expandir a empresa em diversas formas, por exemplo, investindo no e-commerce, que existe desde o início, mas, com mais equipe e mais investimento, a ideia é que ele seja um braço a crescer dentro da empresa. Outra ideia é firmar parcerias com empresas que trabalham com multimarcas ao redor do Brasil, para espalhar o nome local em outros lugares. Há ainda a ideia de ter mais filiais da loja no Brasil, pelo menos em algumas capitais.

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