Com a chegada do Círio, demanda cresce e vendedores de comidas típicas apostam em lucro maior
Durante a temporada que antecede a festa, os donos dos pontos de venda enfrentam os altos valores dos insumos para a produção dos pratos, e revelam como ‘driblar’ os preços para não passar tudo aos clientes
Com a proximidade do Círio de Nazaré, uma das maiores festividades religiosas do Brasil, as barraquinhas de comidas típicas de Belém e da Região Metropolitana já começaram a se preparar para atender a alta demanda da temporada. Durante a temporada que antecede a festa, os donos dos pontos de venda de tacacá e maniçoba, por exemplo, enfrentam os altos valores dos insumos para a produção dos pratos, e revelam como ‘driblar’ os preços para não repassar tudo aos clientes.
Para comerciantes como Maria de Fátima de Araújo, que há 28 anos mantém uma barraca de comidas típicas no centro de Belém, o Círio é sinônimo de uma verdadeira maratona de trabalho. No seu estabelecimento, Fafá, como é conhecida, nota o crescimento considerável da demanda neste período. “Uma semana antes do Círio, eu vendo na faixa de uns 300 quilos de maniçoba. Na semana do Círio, uns 400 quilos”, relata Fafá, destacando o impacto positivo da alta demanda em suas vendas.
No entanto, o aumento do público vem acompanhado de desafios, especialmente em relação aos custos dos ingredientes. Maria revela que o preço dos insumos disparou. “De todos os meus produtos, até mesmo o jambu, que eu comprava de R$ 2, já passou para R$ 3; o gás de R$ 95 já passou para R$ 110; o charque, que eu comprava de R$ 120, já está R$ 138; a folha, que eu comprava de R$ 5, já está R$ 8”, enumera a tacacazeira, explicando como o aumento dos custos afeta diretamente o lucro. Para equilibrar as contas, a saída é repassar parte desse reajuste aos clientes. “O vatapá, por exemplo, está R$ 20, eu vou botar para R$ 25. Tento aumentar o mínimo, para não afastar os clientes”, completa.
Encomendas impulsionam lucro
Além da venda nas ruas, as encomendas são uma forma de ganhar um ‘extra’ para muitos comerciantes durante o Círio. Maria destaca que, mesmo com os preços altos, a demanda por encomendas é o que sustenta o negócio. “Recebo muitas encomendas, e é o que acaba compensando o preço alto dos produtos nesse período. Ajuda a não subir tanto o preço”, explica.
André Chaves, gerente de um estabelecimento de comidas típicas na Cidade Nova, em Ananindeua, compartilha dessa experiência. “É o nosso segundo Natal”, compara, enfatizando a importância do Círio para as vendas. Em seu estabelecimento, a venda de produtos como tucupi, maniçoba, jambu e vatapá chega a dobrar neste período. “Em média, são 200 pedidos por dia só em encomendas; nas vésperas, chegam a 50 encomendas, e no dia praticamente chega a 100 pedidos”, detalha André.
Para atender à alta demanda, André coordena uma verdadeira operação logística que envolve 20 motoboys e 3 carros, encarregados de cobrir as cidades de Belém, Ananindeua e Marituba. Mesmo assim, dar conta de todos os pedidos é um desafio. “Estamos trabalhando pesado para conseguir atender a demanda deste ano”, afirma, destacando a importância de manter o padrão de qualidade mesmo com o volume elevado de encomendas.
Qualidade versus preço
Enquanto a demanda aumenta, manter a qualidade dos produtos é uma preocupação constante. “Pra quem gosta de ter produtos bons e fresquinhos, é difícil manter o preço abaixo. Aí, quem vai vender mais barato não consegue manter o padrão”, comenta Maria de Fátima, ressaltando a importância de fidelizar o cliente com produtos de alta qualidade. Ela acredita que seu sucesso está na constância de oferecer o melhor, o que faz com que a freguesia retorne todos os anos.
André compartilha dessa visão, ressaltando que, apesar do aumento nos custos, seu estabelecimento se esforça para não repassar a alta de preços aos clientes. “Não aumentamos os preços ainda porque negociamos com os fornecedores para manter um valor acessível”, explica. Para André, é crucial não apenas garantir a qualidade dos produtos, mas também proporcionar uma experiência que faça os clientes voltarem.
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA