Em Belém, Dia dos Namorados eleva vendas de flores em até 900%
Rosas vermelhas continuam sendo as mais procuradas; consumidores relatam simbolismo, surpresa e carinho como principais motivações para presentear com flores
Na véspera do Dia dos Namorados, o movimento nas floriculturas de Belém já antecipava o que promete ser uma quinta-feira de loja cheia, clientes com pressa e muitos buquês vermelhos. Mesmo com aumento nos preços das flores — que, segundo lojistas, ficaram entre 10% e 15% mais caros em relação ao ano passado — a expectativa é de crescimento nas vendas. “Estamos com a expectativa que vai ter um aumento de pelo menos de 20% na comparação com 2024”, afirma Jehnnipher Progênio, 34, vendedora de uma floricultura tradicional no bairro do Marco. Em outra loja de flores, no bairro de Nazaré, o aumento nas vendas em comparação a dias comuns é estimado em 900%.
Ela explica que o pico nas vendas acontece sempre no dia 12. “O maior movimento do Dia dos Namorados é somente no dia. É quando o cliente chega correndo atrás de algo para presentear”, diz. A floricultura se preparou para a data com kits especiais e reforço de equipe. “Amanhã a loja vai abrir 30 minutos antes, com mais funcionários, inclusive entregadores e pessoal da limpeza, para dar conta do atendimento”, conta Jehnnipher.
A loja oferece buquês com 10 rosas vermelhas por R$ 175, além de outros itens como pelúcias (a partir de R$ 90), vasos e cartões (R$ 20 em média). As rosas vermelhas seguem como carro-chefe, seguidas por orquídeas e arranjos coloridos. “Montamos também de acordo com o gosto do cliente. Ele pode chegar e dizer: ‘quero algo diferente’. A gente faz na hora”, detalha a vendedora.
Segundo Jehnnipher, mesmo com o valor mais elevado das flores neste ano, os consumidores continuam buscando formas de expressar carinho.
“A gente sente que, para muita gente, as flores ainda são um gesto que vale muito. Um cliente nosso, por exemplo, costuma encomendar 12 arranjos de uma vez para entregar em locais diferentes. Ano passado, tivemos um prédio com dois apartamentos recebendo flores dele. A gente já leva na esportiva. É até engraçado”, lembra.
Outro lojista que confirma a intensidade da data é Said Hosn, proprietário de uma floricultura no bairro de Nazaré. Ele relata que o movimento deste ano superou as expectativas, especialmente por conta de campanhas nas redes sociais. “Estamos vendendo cerca de 100 buquês por dia agora, quando num dia comum vendemos uns 10. É uma disparada. A gente está com a loja cheia e o WhatsApp congestionado de pedidos”, diz.
Com o aumento da demanda, os preços também subiram, impulsionados pela escassez de flores no mercado nacional. “Por causa das geadas no Sul e da proximidade com o Dia das Mães, não deu tempo das plantações se recuperarem. Tivemos que comprar rosas importadas, mais bonitas, mas também mais caras”, explica Said. Um buquê com seis rosas, que antes custava R$ 160, agora sai por R$ 180.
Para atender à demanda concentrada no dia 12, os lojistas reforçaram as equipes. “Aqui ninguém vai para casa. A gente fecha a porta e continua trabalhando direto. O pessoal vai dormir na loja mesmo para dar conta”, revela Said, que está à frente de uma floricultura que recentemente se mudou para um espaço maior.
A maioria dos compradores ainda é de homens, mas o perfil está mudando. “Já temos muitas namoradas presenteando namorados, com flores como girassol ou rosa azul. E também muitos casais de mulheres que se presenteiam. Esse público tem aumentado bastante”, destaca Said.
Gestos e significados por trás dos buquês
Para além dos números, a data carrega fortes simbologias afetivas. O técnico em enfermagem Franklin Couto, de 43 anos, e a farmacêutica Patrícia Nascimento, de 38, foram juntos à floricultura escolher flores que seriam levadas tanto para um centro espiritualista que frequentam quanto para se presentearem.
“Ela me deu uma rosa branca, que representa paz. Agora vim comprar rosas vermelhas para ela”, diz Franklin. “Para mim, a flor representa esse desabrochar constante da relação. Uma beleza que existe mesmo com os espinhos”, filosofa.
O casal está junto há dois anos e casado há sete meses. Pretendem gastar cerca de R$ 150 com flores, presentes e um momento a dois. “Nosso primeiro encontro foi para tomar um caldo. Agora queremos repetir algo simbólico, mesmo simples”, conta Patrícia, com um sorriso.
Outro consumidor assíduo da floricultura é o pecuarista Carlos Gouveia Neto, de 48 anos. Casado há 25 anos, ele compra flores todos os anos para surpreender a esposa no trabalho. “Sempre mando entregar, como surpresa. Mas este ano os preços subiram demais. Em relação ao ano passado, aumentou pelo menos 30%”, diz. Ainda assim, ele decidiu manter o hábito: “Vou comprar menos, mas não vou deixar passar.”
Carlos também compra flores para o paisagismo da casa durante o ano, mas reconhece que o Dia dos Namorados é diferente. “É uma data especial. As rosas têm esse simbolismo do amor romântico, do cuidado. Não é só decoração”, opina.
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