Amazônia Check

Por Grupo Liberal

Checagem especializada e jornalística sobre temas referentes à Amazônia abordados por presidenciáveis em vídeos exibidos durante campanha eleitoral. O projeto é uma parceria com o programa 'Jogo Limpo', do YouTube Brasil

Amazônia Check: Checamos o que Simone Tebet disse sobre a Amazônia na OAB-SP e na CBN

Equipe do Amazônia Check, projeto em parceria com ICFJ e Youtube, monitora e checa informações sobre a região amazônica ditas pelos candidatos à presidência. Confira a checagem e análise das falas ditas por Simone Tebet (MDB):

Carolina Mota, Eduardo Laviano, Mariana Azevedo e Vitória Reimão

A candidata à Presidência da República Simone Tebet (MDB), participou de um debate público na OAB-SP, no dia 18 de agosto, e deu uma entrevista para a rádio CBN no dia 25 de agosto, nas quais ela fez três afirmações sobre a Amazônia: uma verdadeira e duas falsas.

A equipe de jornalistas do projeto Amazônia Check analisou as falas e consultou especialistas para atestar a veracidade das afirmações. Confira abaixo:

FALSO

"Um terço das chuvas que chegam no sul do Brasil vem da Amazônia Legal"

Segundo o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Antônio Manzi, a contribuição da umidade que vem da região amazônica é de grande importância para as chuvas das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Porém, números exatos em termos de porcentagem são incertos.

A floresta amazônica recebe uma grande quantidade de vapor da água do oceano Atlântico, já que uma parte desse vapor gera chuvas na própria Amazônia. De acordo com Antônio, a floresta devolve para a atmosfera um pouco mais da metade dessas chuvas na forma de evapotranspiração.

"Mas, uma grande quantidade de vapor de água é transportada para o Pacífico e para a parte central e sul da América do Sul, onde alimenta chuvas nessas regiões", afirma.

Por causa dessas ações, não há certeza em números e termos de porcentagem devido a mistura do vapor de água que vem de mais de uma fonte. "Sobre quanto cada fonte pode contribuir para as chuvas, não é trivial de se determinar", disse Manzi, que ainda acrescentou que a fala da candidata não tem direcionamento claro, já que ela não disse a qual parte do sul do Brasil estaria se referindo. O pesquisador Gustavo Escobar, também cientista do Inpe, disse que "quantificar um terço, sem ter a referência correta do artigo que foi tirado os dados, não tem valor".

Pesquisadores do Instituto de Pesquisas de Geociências da Universidade Federal do Pará corroboram com os dados do Inpe. "A Amazônia transfere, em média, cerca de oito quatrilhões de litros de água por ano para o centro-sul do Brasil".

image Senadora citou a Amazônia em duas entrevistas recentes (Jefferson Rudy/Agência Senado)

VERDADEIRA

"A falta de chuvas na Amazônia fez com que, nos últimos dois anos, nós perdêssemos 60 bilhões em safra"

As maiores perdas na agricultura, por falta de chuvas, ocorreram nas safras 2020/2021 e 2021/2022 no centro-sul do Brasil. O pesquisador Eduardo Monteiro, cientista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), informou que no ano de 2021 houve atrasos na implantação da primeira safra: "Foi um ano caracterizado por extremos climáticos, secas e depois geadas recordes que atingiram a segunda safra e perenes no centro sul do Brasil".

Por causa do contexto climático, a consultoria MB Associados estimou a perda de R$60 bilhões para o Produto Interno Brasileiro, principalmente na agricultura por conta das secas, o que confirma a informação dita pela candidata.

Em 2022, o ano também foi de problemas extremos com relação ao clima, como o exemplo das secas no sul do Brasil, que causaram perdas graves na primeira safra e em diversas culturas perenes. Os prejuízos podem alcançar o total de 70 bilhões, de acordo com as pesquisas feitas pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O pesquisador também cita a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), já que é um importante sistema do padrão geral de circulação da atmosfera. O sistema mostra a formação da faixa de nebulosidade que se estende desde o sul da região amazônica até a região central do Atlântico Sul.

"Trata-se do principal sistema encarregado da ocorrência de chuvas regulares em quase toda a região central e sudeste do Brasil durante a estação das chuvas. Nesse contexto, grande parte da umidade atmosférica, fonte das chuvas no centro- sul do Brasil, provém ou passam pela Região Amazônica.
 
Por causa do sistema ZCAS, é possível afirmar que a região amazônica exerce uma grande influência sobre a distribuição e ocorrência de chuvas em diversas regiões brasileiras. "Ela é de fundamental importância para a manutenção da viabilidade climática para a agricultura em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná", disse Eduardo Monteiro.

FALSA

"Os rios voadores da umidade que sai do Atlântico e que cai na Amazônia que depois sai, vai lá pros rios e depois não consegue voltar em forma de umidade, porque não tem floresta. Essas nuvens, esses rios voadores, não estão chegando no meu estado. Não estão chegando no Rio Grande do Sul.  Elas foram responsáveis, a falta dessas umidades, nos últimos dois anos, por dar um prejuízo para o agronegócio"

De acordo com o cientista do Inpe, Antônio Manzi, a afirmação de que os rios voadores não conseguem voltar em forma de umidade por conta do desmatamento é falsa. O La Niña, fenômeno importante ativo nos últimos dois anos, é o que, normalmente, provoca excesso de chuvas em partes da Amazônia e redução de chuvas no Sul do Brasil.

"Este fenômeno está associado à temperaturas da superfície do oceano pacífico, que são mais frias que a média de longo prazo. O contrário do El Niño, que costuma provocar menos chuvas em partes da Amazônia e mais chuvas no Sul do país, está associado com as águas de superfícies mais quentes do pacífico tropical", afirmou.
 

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