Belém avança para superar o analfabetismo em 2024

Meta da Prefeitura é atender 11 mil pessoas que não foram alfabetizadas na idade certa

Dayane Baía
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Encarar as próprias limitações e o preconceito foram os primeiros desafios para Patrícia Marques do Carmo Rodrigues, cadeirante de 45 anos, que nunca havia frequentado a escola. Hoje, Patrícia é estudante da 1ª totalidade da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai), na Escola Duas Irmãs, no Tapanã, que integra o Programa Alfabetiza Belém, desenvolvido pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semec).

Moradora do bairro da Pratinha II, ela conta que a mãe queria protegê-la. “Eu nunca tive a oportunidade de estudar, pois quando era pequena tinha a deficiência, e minha mãe sempre teve medo de me colocar na escola e as pessoas me maltratarem por eu não poder me defender. Assim, cresci sem saber ler e escrever”, conta.

image Patrícia Marques é aluna do programa Alfabetiza Belém, uma das ações da prefeitura para zerar o analfabetismo na capital (Arquivo pessoal)

O sonho de estudar ficou em segundo plano para que pudesse criar os três filhos. E foi um deles que a incentivou, como conta Patrícia. “Minha filha olhou para dentro dos meus olhos e disse: ‘mãe, a senhora pode’. Foi como uma luz que fortaleceu a vontade de entrar em uma sala de aula como aluna”, conta.

A experiência na Ejai tem sido transformadora na vida de Patrícia.

“Ali não é uma escola, é uma casa. Minha professora é muito atenciosa, eu já sei escrever meu nome completo e muitas coisas que eu não sabia. Todos ali me receberam de braços abertos e me senti bem acolhida. Eu perdi tanto tempo da minha vida. Agora quero estudar para ensinar meus filhos. Ali é como uma segunda família” - Patrícia Rodrigues, estudante.

O programa Alfabetiza Belém é uma das ações da Prefeitura de Belém para superar o analfabetismo até 2024. De acordo com o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), em 2019, a capital paraense registrou 11 mil pessoas que não sabiam ler e escrever que se autodeclararam analfabetas.

Atualmente, 4.200 pessoas são beneficiadas com aulas em 36 escolas da rede municipal de educação - que devem ser ampliadas até o final do primeiro semestre. Para se tornar a primeira capital brasileira na superação do analfabetismo, a educação tem sido tratada como prioridade.

O prefeito Edmilson Rodrigues destaca que Belém está na direção oposta de mais de 4.000 municípios que não conseguiram implementar os 25% de investimentos, conforme prevê a Constituição Federal. “Em Belém, investimos o que diz a lei conquistada com muita luta. Alfabetizar a partir de uma educação libertadora, que ensine a pessoa a ler o mundo. E é esse sonho de justiça, igualdade e democracia que se expressa no Governo da Nossa Gente, que tenho a honra de coordenar”, afirma o prefeito.

Araceli Lemos, titular da Semec, lembra que o analfabetismo é um problema complexo do Brasil.

“Não podemos conceber uma sociedade livre, democrática, onde os direitos sejam amplamente garantidos se não levarmos letramento e conhecimento para aqueles que estão fora do sistema. Estamos trabalhando com a meta de atender 11 mil pessoas, que não foram alfabetizadas na idade certa” - Araceli Lemos, secretária municipal de Educação.

Educação Libertadora

O programa é desenvolvido em duas frentes de trabalho: turmas da Ejai nas escolas municipais; e aulas em espaços comunitários com o auxílio de instituições públicas e movimentos sociais. “O nosso método Paulo Freire é considerado revolucionário, que trabalha com palavras geradoras e também trabalhamos com o método parceiro, o ‘Sim, Eu Posso!’”, acrescenta Araceli.

A chamada pedagogia Paulo Freire utiliza termos que fazem parte da realidade do estudante. A estratégia é se aproximar do indivíduo e evitar o desconforto causado pelo método tradicional de ensino, uma vez que muitas pessoas evadem da escola por este motivo.

Dessa forma, o estudante cria os próprios caminhos de aprendizagem em vez de seguir um padrão universal oferecido a todos. Já a metodologia “Sim, Eu Posso!” é uma parceria com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no fortalecimento da alfabetização na capital e na realização de novas experiências e ações sociais.

image O prefeito Edmilson Rodrigues ao entregar mais uma escola reformada em Belém (João Gomes / Ag. Belém)

A formação das turmas passa por uma busca ativa que percorre as ruas de Belém, em feiras, mercados, por exemplo, para divulgação das turmas do programa. Atualmente, a frente de trabalho da Semec atua em 36 escolas e pelo MST em vários espaços no bairro do Guamá e na região das ilhas, nos distritos de Icoaraci, Mosqueiro e Outeiro.

"A Prefeitura entra com a potência de garantir professores qualificados para dar a essas pessoas o direito de sonhar. Ao receber o diploma, elas vão realizar o sonho de continuar os estudos e cursar a universidade. E farão parte de um contingente que vai tornar Belém, até 2024, a primeira cidade totalmente alfabetizada do Brasil, um território livre do analfabetismo", ressalta o prefeito Edmilson Rodrigues. 

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