Cooperativas de vans e micro-ônibus são contra aumento da passagem

O setor de transporte complementar regularizado de Belém, representado por 16 cooperativas de vans e micro-ônibus, afirma que não poderá aumentar a passagem para R$ 4,87, valor proposto pelas empresas à Prefeitura de Belém na semana passada, caso a nova tarifa seja aprovada. As cooperativas, que deveriam cobrar atualmente o valor de R$ 3,60 segundo ordem de serviço (OS), são obrigadas a baixar a cobrança para R$ 3 para poder concorrer com os veículos irregulares, que somam hoje cerca de 600 vans em Belém.

Jean Madson, presidente da Cooperativa de Transporte Urbano e Turismo de Passageiros (Cootracbel), que é responsável pela linha Icoaraci-Castanheira, afirma que o transporte complementar, em Belém, é regulamentado desde o ano passado e operado por trabalhadores cooperativistas. “A regulamentação dita que a tarifa cobrada seja equiparada a do transporte convencional, das empresas de ônibus. Mas a regularização está ainda em fase de finalização de cadastro pela Prefeitura de Belém, para que sejam liberadas as autorizações dos validadores (bilhetagem eletrônica) e a retirada dos clandestinos das ruas”, descreve.

Como o cadastramento ainda não está concluído, Jean Madson afirma que as cooperativas não conseguem cobrar o valor da tarifa igual ao das empresas de ônibus atualmente. “Atualmente, o transporte complementar está cobrando R$ 3,00, em geral. Salvo engano, no bairro do Jurunas estão cobrando R$ 3,50. Então, até a finalização desse processo e da retirada total dos clandestinos, para que fiquem apenas os regulamentados, não temos como cobrar a tarifa equipara ao transporte convencional”, reitera.

Ainda de acordo com o presidente da Cootracbel, o principal objetivo da categoria hoje é que o transporte complementar seja integrado em sistema multimodal de transporte em Belém. “O transporte complementar existe porque ele entra em locais que o transporte convencional não entra. O que queremos é que ele esteja integrado pelas linhas do BRT, envolvendo também o transporte hidroviário”, explica. Atualmente, as 16 cooperativas envolvem cerca de 215 veículos e aproximadamente 1.290 trabalhadores.

Qualidade

Waldir Segundo, presidente da Cooperativa de Transporte Complementar (CTC Integradas) declara que o aumento da passagem de ônibus não vai resolver o problema da qualidade dos veículos, onerando ainda mais o usuário. “Embora sejamos obrigados pelo regulamento a cobrar R$ 3,60, o transporte clandestino não permite, pois cobra mais barato. Não temos como competir. Aumentar as passagens não é solução, é preciso fiscalizar os irregulares, fazer o cadastramento de todas as cooperativas”, defende.

Hélio Braga Cardoso paga diariamente pouco mais de R$ 14,40 por transporte (Igor Mota / O Liberal)

O vendedor Hélio Braga Cardoso, 40 anos, morador do bairro do Jurunas, faz parte da população que utiliza o serviço de vans todos os dias para ir ao centro da cidade vender seus produtos. O gasto com quatro passagens diárias, duas para ir trabalhar e mais duas para voltar, significa que precisa tirar do bolso, todos os dias, pouco mais de R$ 14,40 para transitar. “Com o aumento da passagem, sem dúvida, vai fazer uma diferença grande no nosso orçamento, principalmente para quem tem família. Eu utilizo as vans porque preciso, não tenho transporte próprio”, relata.

O presidente da Federação Nacional dos Mototaxistas e Motoboys do Pará (Fenamoto-PA), Alessandro Félix, informa que a cobrança das viagens é feita tendo como base o preço de um litro de gasolina, que varia atualmente entre R$ 6 e R$ 7. “Mas sempre que o preço da passagem de ônibus sobe é aberto o precedente para que o mototaxista também queira aumentar”, afirma.