'Milton' por elas: cantoras paraenses contam como Milton Nascimento influenciou suas carreiras

Cantoras Andréa Pinheiro, Sônia Nascimento e Isadora Títto celebram os 80 anos do 'Bituca', relembrando como o artista influenciou as suas carreiras

Emanuele Corrêa
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As composições e canções de Milton Nascimento continuam inspirando várias gerações de cantores e cantoras pelo país. Em Belém, as cantoras paraenses Andréa Pinheiro, Sônia Nascimento e Isadora Títto celebram os 80 anos do "Bituca", relembrando como o artista influenciou as suas carreiras e a relevância que o compositor tem para a música brasileira com contribuições ao longo dos 60 anos de carreira.

Milton já declarou em entrevistas que Elis Regina "foi o grande amor" de sua vida e, muitas de suas composições, já foram gravadas pela voz única de Elis, a primeira artista famosa a gravar suas composições e quem Milton tinha uma amizade de longa data. Essa relação com a voz feminina com a música de Milton, também é percebida por Isadora Títto, atriz, cantora e compositora. Desde criança canta em saraus, corais e bandas e, nesse contexto, nasceu o sentimento pelas canções compostas e interpretadas por ele, diz. "Fica difícil de exprimir em palavras, mas é como se ele criasse de fato uma cultura, ou fosse o grande representante de sua cultura, e isso me fez buscar em seu repertório o que ecoava nesse núcleo sensível dentro de mim", declarou.

Inspirada em Milton, quando se formou em Canto Popular, pela Universidade Livre de Música Tom Jobim, em São Paulo, seu show de formatura levou o nome de "Nascimento", uma homenagem ao artista, cantada pela voz de Isadora. "Milton é sempre esse fio e essa agulha, que costura fissuras quando estou triste ou receosa e/ou potencializador de grandes alegrias. Ele é presente", argumentou.

Andréa Pinheiro é cantora profissional há 34 anos e ao longo dos seus estudos, revelou que começou a ouvir a música brasileira e entender a importância do "Bituca" no cenário musical. "Seu timbre diferenciado, afinação e interpretação únicas, sua preocupação e compromisso com a 'mensagem' que iria levar através da música", disse.

Apesar da relação com a voz feminina, Andréa destaca que Milton era genial que não precisava compor para um público específico, mas sua mensagem gerava identificação e grandes parceiras, que ela destaca algumas. "Como ela (Elis) era um sucesso à época, acabou contribuindo para inseri-lo de vez, como compositor, no hall dos grandes. Acredito que cantores, de um modo geral, aproximam-se da obra do Milton porque são composições sofisticadas, 'difíceis', bem elaboradas. As letras e as parcerias também são intensas, assim como foi o seu canto... Com uma vertente política muito forte sempre com um 'fundo' voltado para as questões sociais: da mulher, do negro, do povo. Milton e sua obra, são atemporais", pontuou.

A cantora, compositora e museóloga, Sônia Nascimento tem 30 anos e nutre uma paixão por Milton desde o início do seu contato com a música. Influenciada pelo pai, ouvia nos discos de vinil as músicas de Nascimento, conta a cantora. "'Travessia' e 'Pai Grande' foram canções que me emocionavam naqueles primeiros encontros com a música do Milton. Quando veio o encontro com os irmãos Borges e nasceu o Clube da Esquina aí tudo desandou, porque foi amor absoluto, um disco que tem 50 anos e que continua regendo a história das nossas vidas não é para qualquer um. Milton Nascimento é uma das minhas maiores influências", arguiu.

Sônia acredita que Milton se despede dos palcos como merece, com um público cativo e que o espera. Ela diz estar ansiosa pelo show em Belo Horizonte, encerrando a sua carreira com a Turnê "A última Sessão de Música". "O show de BH será o terceiro que assisto dele, dois foram aqui em Belém. Tenho certeza que será um espetáculo inesquecível daqueles para contarmos até o fim da vida. Estarei com meu filho e juntos vamos celebrar a memória de meu marido que faleceu há um ano e que também amava a música de Milton. Então será uma emoção sem tamanho", declarou.

A cantora relembrou que quando lançou seu show em Belém, abriu com uma música "Cais" , de Milton. Ela continua acreditando que o cantor irá permear seu repertório e inspirar as pessoas, pelo legado de 60 anos de carreira e 80 anos de vida. "Acredito que a sua obra aproxima as pessoas independentes de gênero. É uma música feita para o universo, com alma, amor, tudo que precisamos, sendo assim qualquer um pode cantar, dançar, representar, performar, viver", finalizou.

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