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Cristino Wapichana revive em livro a memória do povo extinto Anembé

Livro “Ceuci, A Mãe do Pranto” conta a história de pequeno curumin que enfrenta criatura insaciável

Ana Carolina Matos
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A história do povo indígena Anembé, do Pará, foi a inspiração para o último lançamento do cineasta, escritor e músico Cristino Wapichana: o livro “Ceuci, A Mãe do Pranto”. A obra conta a história de um desobediente curumin - menino, na língua Tupi - que enfrenta uma velha insaciável, terrível e assustadora que come tudo o que vê pela frente. O escrito foi publicado pela Editora Estrela Cultural e em breve deve chegar às livrarias de todo o Brasil, além de ser comercializado, também, no site da editora.

Contador de histórias, Wapichana destaca que a narrativa costuma agradar bastante os pequenos, que se envolvem na aventura contada por um povo já extinto há um século. O menino, que sai para pescar mesmo contrariando o pedido da mãe, mal inicia a jornada e encontra a gulosa Ceuci sobre uma canoa, que quanto mais seres vivos comia, mais fome sentia a personagem. Logo que a criatura nota a presença do garoto tem início uma perseguição entre os dois personagens. 

Para o autor, a história, longe de ser um conto de terror, diz muito sobre as relações das sociedades com a temporalidade. "Fala de tempo, de adiar as coisas. A Ceuci nunca para, continua comendo e não consegue ficar saciada. O sentimento não muda. Já o menino, que durante a história se torna velho, fica adiando o que tem que ser feito. Ele quer viver o que não viveu. Quando a gente não faz o que tem que ser feito no tempo certo, nós não temos a mesma disponibilidade, a mesma energia. Não conseguimos realizar propriamente", comenta.

Da etnia Wapichana, de Boa Vista, em Roraima, Cristino também palestra sobre a cultura indígena em escolas a temática indígena em escolas, universidades, fundações e instituições diversas. "As histórias são o que dão sentido pra vida. São como ensinamentos. É importante mostrar outros mundos e outras realidades das sociedades. As histórias mantém esses povos e contam um pouco da visão de mundo desses povos", explica.

O modo lúdico e divertido de escrita do autor se soma às ilustrações de Jô Oliveira, pernambucano que ganhou inúmeros prêmios, entre eles quatro vezes a medalha Olho de Boi, como melhor selo brasileiro, e por duas vezes o troféu do melhor selo do mundo.

Premiado, Cristino Wapichana também é autor dos livros "A Onça e o Fogo"; "A oncinha Lili"; "Sapatos Trocados: como o tatu ganhou suas grandes garras"; "A boca da noite"; "O cão e o curumin" e "A cor do dinheiro da vovó". Com "A boca da noite", traduzido para o dinamarquês e sueco, o autor recebeu a Estrela de Prata do Prêmio Peter Pan 2018, do International Board on Books for Young People (IBBY).

O trabalho também integra o catálogo da Feira Bolonha (Itália), recebeu o Selo de Altamente Recomendável FNLIJ 2017 e o Selo White Revens da Biblioteca de Munique 2017. Pelo Movimento União Cultural recebeu o Prêmio Litteratudo Monteiro  Lobato 2015 e a Medalha da Paz – Mahatma Gandhi 2014, além do prêmio FNLIJ 2017 nas categorias Criança e Melhor Ilustração; prêmio Jabuti 2017 e Menção Honrosa no concurso FNLIJ/UKA Tamoios de Textos de Escritores Indígenas 2014.

 

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Cultura
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