Setor de hospedagem do Pará projeta 42 mil leitos para COP 30, mas alerta para desafios logísticos

Fernando Soares, do Sindicato de Hotéis e Restaurantes do estado, destaca expectativas positivas para o evento em Belém, mas critica proposta de controle de preços e aponta gargalos em infraestrutura, insumos e comunicação.

Jéssica Nascimento

Em entrevista ao Grupo Liberal nesta quarta-feira (14/05), Fernando Soares, assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Pará (SHRBS), afirmou que o setor de hospedagem e gastronomia do estado vive um momento de otimismo em relação à COP 30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que será realizada em Belém em novembro de 2025. 

Com previsão de até 42 mil leitos disponíveis e expectativa de receber mais de 50 mil visitantes, Soares também alertou para entraves logísticos, riscos de escassez de insumos e resistências à regulação de preços por parte do governo federal.

Ampliação da rede hoteleira e soluções alternativas

De acordo com Soares, a cidade de Belém contava anteriormente com cerca de 6 mil leitos, somando 24 mil na região metropolitana até Castanhal. 

Com a construção de dez novos empreendimentos e a utilização de navios de cruzeiro, esse número pode chegar a mais de 40 mil. Além disso, escolas e clubes estão sendo preparados para oferecer hospedagem popular.

“A expectativa é que a gente consiga acomodar a maioria das pessoas. Já há delegações procurando casas em condomínios fechados. As soluções estão acontecendo conforme a demanda”, explicou o assessor jurídico.

Críticas ao TAC e à plataforma de hospedagem

Fernando Soares criticou a proposta de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), sugerido pelo Ministério do Turismo, que pretende regular os preços durante o evento. Ele argumenta que a imposição de limites ignora os custos adicionais que o setor terá para operar durante a COP.

“Eu não posso firmar um TAC nessas condições. Se eu tiver três camareiras por apartamento, durante o evento vou precisar de nove, em três turnos. O custo sobe, a energia elétrica triplica. Como manter o mesmo preço?”, questionou Soares, que também se opôs à criação de uma plataforma oficial de hospedagem com controle de tarifas.

Insumos e atendimento ao público estrangeiro preocupam

Outro ponto levantado por Soares é a possível escassez de insumos, especialmente alimentos, durante o evento. “Já imaginou 50 mil pessoas em Belém e 20 mil pedindo filé mignon numa noite? Vai faltar produto no dia seguinte”, alertou. Ele informou que alguns empresários já estão fazendo reservas antecipadas de estoque para evitar surpresas.

A comunicação com estrangeiros também foi citada como um desafio. Apesar dos cursos de capacitação em inglês promovidos pelo governo, Soares diz que ainda há barreiras.

“A dica que damos é contratar funcionários fluentes em inglês, francês e espanhol nos horários de pico. Isso cobre 90% das línguas do mundo”, sugeriu.

Legado e qualidade no atendimento

Apesar das críticas e preocupações, Fernando Soares acredita que a COP 30 deixará um legado positivo para o Pará.

“Esses empreendimentos serão um patrimônio para o município. Mas não adianta ter um hotel bonito com atendimento ruim. O que conta é o acolhimento. Se você atender bem, o cliente vai lembrar de você para sempre”, disse.

O assessor jurídico conclui destacando que o setor está se mobilizando para garantir o sucesso do evento, mas que a coordenação entre governo, iniciativa privada e entidades de classe será essencial para superar os gargalos.







 

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