Rumo ao hidrogênio verde
Barco une engenharia, pesquisa e inovação em tecnologias sustentáveis voltadas à transição energética
Mais do que um palco de discussões globais, a COP 30 também foi o cenário para a apresentação de soluções tangíveis em energia limpa e sustentabilidade. Uma delas é o Boto H2, o primeiro barco 100% movido a hidrogênio da América Latina.
Desenvolvida pelo Itaipu Parquetec em parceria com a Itaipu Binacional, esta embarcação de pequeno porte combina hidrogênio verde e energia solar em seu sistema de propulsão. O projeto é o resultado de mais de 10 anos de experiência na produção de hidrogênio verde no parque tecnológico, localizado em Foz do Iguaçu, no Paraná, sede do ecossistema de inovação dedicado à transição energética do país.
A iniciativa representa um marco histórico para o Brasil, pois une engenharia, pesquisa e inovação em tecnologias sustentáveis voltadas à transição energética. Para Daniel Cantane, engenheiro e gestor do Centro de Tecnologias de Hidrogênio do Itaipu Parquetec a inovação está na possibilidade de substituir motores a combustão para elétricos. “Para isso, nesse projeto, foi desenvolvido uma solução tecnológica que os proprietários de embarcações com motores a combustão podem fazer: substituir parte do seu motor por esse motor elétrico, a partir da solução técnica que foi desenvolvida por nós”, explica.
Segundo ele, o barco é um case prático para o mercado de transporte logístico, que contribui para descarbonizar o setor marítimo.
Com 1,5 tonelada e capacidade de carga de 9 toneladas, o barco de alumínio tem 9,5 metros de comprimento por 3 metros de largura. A propulsão do motor é 100% de hidrogênio, podendo ser complementada por um sistema fotovoltaico com seis placas solares. A embarcação não emite ruídos nem poluentes. O único resíduo do motor a hidrogênio é água pura.
Por ser um meio de transporte que não polui, o projeto une duas vertentes importantes da atuação da empresa: a inovação e a responsabilidade socioambiental. “Em termos climáticos é uma solução fora de série porque pega o hidrogênio através de célula combustível, transforma isso em energia elétrica e alimenta o motor elétrico. Então, no final desse processo é zero a emissão de gases de efeito estufa. Fora isso, não tem combustível fóssil dentro do barco.
Então, não sofre com vazamentos, não tem poluição das próprias águas, dos rios, oceanos e lagos com vazamentos de combustíveis fósseis. Então, é 100% de ganho”, detalha Alexandre Leite, diretor de Tecnologias da Itaipú Parquetec.
Legado de energia limpa, circularidade e inclusão social
O BotoH2 integrou o Circuito Cultural da cidade até o fim da COP. Agora, a embarcação segue no Pará para ser utilizada de forma permanente na coleta de resíduos sólidos (vidro, plástico, metal e papel) em comunidades ribeirinhas locais, contribuindo diretamente para o saneamento básico e a economia circular da capital paraense, beneficiando quatro cooperativas.
Para a presidente da Concaves - cooperativa de catadores, Debora Baia, a pesquisa e a tecnologia deixam um legado concreto para a Amazônia.
“Esse momento é histórico, porque além de ser um barco totalmente sustentável, ele vem contribuir com a gestão de resíduos nas ilhas, uma necessidade urgente pois as nossas ilhas estão cheias de plásticos, resíduos que vão ficar ali por
muitos anos. Com essa iniciativa de ter autonomia, criar ecopontos, fazer a coleta de forma autônoma, a cooperativa vai conseguir alcançar, além do que a gente já faz hoje na Ilha do Combu, outras ilhas e outros pontos da Região Metropolitana e quem sabe chegar à Ilha do Marajó, numa ampliação de todo esse trabalho”, acredita.
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