Protagonismo juvenil contra a crise climática

Alunos de escola estadual no Pará usam tecnologia, energia eólica e Inteligência Artificial em horta automatizada

Ize Sena / Especial para O Liberal
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"Te arreda, crise climática". Esse não é apenas um recado bem paraense diante da situação de emergência global causada pelas rápidas e intensas mudanças no clima da Terra. É também o nome do projeto desenvolvido por alunos de uma escola estadual em Santo Antônio do Tauá, no nordeste paraense, que une energia eólica e inteligência artificial à uma horta em formato de mandala.

Na prática, o sistema criado pelos estudantes garante o cuidado autônomo, que faz com que a horta seja cuidada de forma contínua, mesmo durante fins de semana ou períodos sem a presença de pessoas na escola, eliminando assim o risco de falta ou excesso de água. Ao manter as condições do solo sempre ideais, o sistema promove o desenvolvimento pleno e saudável das plantas, o que pode levar a um aumento na produtividade da horta.

A ideia começou a se desenvolver em 2023, a partir de um projeto de irrigação para a horta mandala, conduzido pelo professor de Física e Robótica Educacional, Fábio Jorge Ferreira. Ele utilizou de forma prática a abordagem denominada ‘STEAM’, sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática. O professor destaca que entre os principais benefícios da automação estão a eficiência e a economia de recursos. “A irrigação automatizada fornece a quantidade precisa de água diretamente na raiz das plantas, somente quando necessário. Isso resulta em uma economia significativa de água e energia elétrica”, garante Ferreira.

O docente também explica que a automação está ligada à otimização e produtividade do sistema. Além disso, a escolha da energia eólica foi estratégica. “Ao gerar sua própria energia, a horta se torna autossuficiente e não depende da rede elétrica convencional. Isso garante que os sistemas de automação, como a irrigação e o monitoramento por inteligência artificial, funcionem de maneira contínua e sem custos operacionais com eletricidade. Essa independência é especialmente valiosa em locais onde o fornecimento de energia pode ser instável ou caro”, afirma o professor.

Educação que transcende a escola

O projeto tem um potencial transformador para a conscientização quanto à importância da educação ambiental na comunidade atuando em diversas frentes, entre elas, ser, de fato, uma ferramenta educacional.

E, ao materializar os conceitos de energia renovável e sustentabilidade, o projeto capacita uma nova geração para entender, desenvolver e implementar soluções para o clima. “Isso está em linha com o Artigo 12 do Acordo de Paris, que enfatiza a importância da educação e do treinamento para a ação climática”, explica Fábio Jorge Ferreira.

Ainda segundo o professor, o protagonismo dos jovens é uma inspiração para outros alunos. “Ao verem jovens da própria comunidade criando soluções inovadoras para problemas globais como a crise climática, outros estudantes e a população em geral são inspirados a agir. Os alunos se tornam exemplos, demonstrando que é possível criar um impacto positivo com iniciativa e conhecimento, o que estimula o engajamento cívico e a crença na capacidade local de resolver problemas”, acredita o professor.

Impactos na Ação Climática

O “Te arreda, crise climática” contribui ainda para criar uma agenda positiva de cunho educacional voltada às ações de combate à crise climática, a exemplo do uso de energia limpa.

Ao utilizar a energia eólica, o projeto substitui a necessidade de energia da rede elétrica, que no Brasil, apesar de ter uma matriz relativamente limpa, ainda depende de termelétricas que queimam combustíveis fósseis. Essa troca representa uma descarbonização direta da energia consumida pela horta, evitando a emissão de gases de efeito estufa e combatendo a principal causa da crise climática.

image “Te arreda, crise climática”: estudantes desenvolvem projeto na Escola Estadual de Tempo Integral Celso Rodrigues, com a orientação do professor Fábio Jorge (Divulgação)

Outra solução climática apresentada pelo projeto é relativa à segurança alimentar e produção local, fortalecidas com as hortas escolares que oferecem alimentos frescos e nutritivos. Ao produzir localmente, o projeto reduz a "pegada de carbono" associada ao transporte de alimentos por longas distâncias, um fator significativo nas emissões do setor agrícola.

Além disso, a utilização de materiais reciclados e tecnologia de baixo custo, como o Arduino, torna o projeto um modelo acessível e replicável. Isso demonstra ainda que a agricultura sustentável e tecnológica não é exclusividade de grandes corporações. Ela vai além: com educação e acesso à tecnologia, pode ser adaptada por pequenas comunidades, escolas e agricultores em todo o mundo.

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A cobertura da COP 30 envolve todos os veículos do Grupo Liberal, com dezenas de profissionais comprometidos em divulgar as notícias do evento. O projeto tem patrocínio da Hydro, Agropalma, Grupo Status, OCB, Faepa, Fiepa, Alepa, Atacadão, Sebrae no Pará, Equatorial Energia, Natura, Recicle, Guamá Tratamentos, Fecomércio e Banco da Amazônia, além do apoio da Vale.

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