Navegar é preciso: barqueata em Belém marca protesto da Cúpula dos Povos durante a COP30
Ao longo do trajeto, embarcações exibiram faixas, cartazes e objetos rituais criticando o que chamam de “falsas soluções climáticas”
Mais de 200 embarcações tomaram os rios que cortam Belém na manhã de 12 de novembro de 2025, em uma barqueata que abriu oficialmente a Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP 30. A mobilização reuniu povos tradicionais, ribeirinhos, quilombolas e indígenas em um ato que buscou dar visibilidade às pautas de justiça climática.
A concentração ocorreu na Universidade Federal do Pará (UFPA), de onde os participantes seguiram pelo rio Guamá até a Baía do Guajará. O percurso terminou na Vila da Barca, comunidade marcada pela falta de saneamento básico e escolhida como símbolo das desigualdades socioambientais da capital.
Ao longo do trajeto, embarcações exibiram faixas, cartazes e objetos rituais criticando o que chamam de “falsas soluções climáticas” e defendendo uma transição energética que considere os conhecimentos de comunidades ancestrais. Os organizadores estimam a participação de cerca de 5 mil pessoas, vindas de
mais de 60 países.
Representantes de diversos povos indígenas — entre eles Kayapó, Munduruku, Tupinambá e Borari — além de quilombolas, agricultores, pescadores ribeirinhos, trabalhadores sem-terra e movimentos urbanos integraram
o ato. A presença de lideranças da Caravana da Resposta, como o Cacique Raoni, ampliou o peso político da manifestação.
As reivindicações incluíram a demarcação de terras indígenas, a proteção das águas e dos modos de vida ribeirinhos, além de mecanismos de financiamento climático mais equitativos. Os manifestantes também criticaram projetos de infraestrutura, expansão do agronegócio e iniciativas de exploração de recursos naturais na Amazônia, apontados como ameaças aos territórios tradicionais.
Para os organizadores, a barqueata evidenciou as contradições entre a agenda oficial da COP 30 e as demandas das populações mais vulneráveis aos impactos climáticos. Enquanto as negociações ocorrem em espaços diplomáticos, movimentos populares reafirmam modelos alternativos de cuidado com a floresta e seus povos.
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