Mulheres reafirmam valores em defesa da vida, da justiça climática e da igualdade de gênero
Movimento feminista contribuiu com pautas e reivindicações de maneira ativa na COP 30
Mulheres de diversas gerações estiveram em Belém durante a COP 30 para chamar atenção para a justiça climática. Historicamente responsáveis pelos cuidados, pela reprodução e pela defesa dos territórios, as mulheres são diretamente afetadas pelo avanço do aquecimento global e do desmatamento.
“As mulheres são atingidas pelas mudanças climáticas, de uma forma desproporcional em relação aos homens”, afirma Marina Barros, fundadora e diretora do Instituto Alzira, ao citar, por exemplo, as mulheres periféricas da América, as mulheres indígenas, as mulheres quilombolas. “Então, quando a gente fala de justiça climática, a gente tem que pensar nessa perspectiva do impacto que as mulheres sofrem”, complementa.
Para Marina, o movimento feminista vem contribuindo com pautas e reivindicações de uma maneira muito ativa na COP 30. E um dos espaços em que a voz das mulheres se fez presente foi na caminhada “Mulheres por Justiça Climática – Do Mar do Rio 92 às Águas de Belém na COP 30”.
O ato marcou o reencontro de mulheres de diversas gerações e origens para reafirmar o compromisso com a defesa da vida, da justiça climática e da igualdade de gênero, retomando uma trajetória iniciada há 33 anos no laneta Fêmea, espaço criado durante a Eco-92, no Rio de Janeiro, que se tornou um marco por reunir lideranças feministas globais e inserir a perspectiva das mulheres no debate socioambiental internacional.
“O fato de a gente estar aqui na Amazônia é um momento muito especial, em um local onde a gente olha para as mulheres que estão defendendo as florestas, as mulheres indígenas, especialmente, as que trazem essas propostas e soluções para colocar na pauta, nos diálogos e nas negociações”, destaca Marina.
Marina Barros também destaca que as mulheres já são agentes de mudança no dia a dia. No entanto, o problema, segundo ela, é que as mulheres estão propondo soluções para as mudanças climáticas, mas não estão nas mesas de decisões. “Quando a gente pega soluções propostas pelas mulheres na zona rural, por exemplo, as mulheres cuidam dos quintais produtivos, cuidam dos bancos de sementes nativas, as mulheres indígenas estão defendendo as florestas, então já são agentes de mudança. O problema é que as mulheres não estão tomando as decisões. Enquanto isso, elas estão cuidando de tudo, mas não estão tomando as decisões”.
Segundo ela, uma das soluções é aumentar a representação e a participação das mulheres na política, nos espaços de decisão e na perspectiva global dos consensos multilaterais, como a COP.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, acompanhou o ato e ressaltou a importância de amplificar as vozes femininas na luta pela defesa dos territórios.
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