Ciência da Amazônia no centro das discussões globais
UFPA vai acompanhar de perto as deliberações oficiais sobre mudanças climáticas durante a COP 30 em Belém

A comunidade científica da Amazônia terá voz na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), graças a um um marco histórico: a Universidade Federal do Pará (UFPA) foi oficialmente admitida como entidade observadora na Conferência da ONU e levará ciência amazônica ao centro das decisões globais sobre o clima.
Com essa conquista inédita, a UFPA alcança o status de ser a única universidade a fazer parte da Blue Zone, a área oficial da ONU, onde ocorrem as negociações entre os países e reuniões de alto nível. Neste, que é o espaço mais estratégico da Conferência, a Universidade poderá acompanhar negociações, participar de reuniões e dialogar com líderes mundiais sobre os rumos da política climática global.
A decisão é fruto de um processo longo e criterioso de candidatura iniciado em 2024, com a apresentação de documentação e justificativas de acordo com os critérios da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Para o reitor da UFPA, Gilmar Pereira de Souza, a admissão da universidade reforça o protagonismo da ciência amazônica e a centralidade da região nas respostas à crise climática.
“COP sem os amazônidas na Amazônia não será uma COP completa. O nosso papel é congregar uma grande parte da comunidade que não tem acesso à Zona Azul, e por isso a comunidade vai estar dentro da Universidade para fazer esse diálogo e influenciar a sua maneira sobre os problemas do clima que é muito mais do que o clima. É sobre direitos humanos, direitos dos povos amazônidas, acesso à ciência, saúde, água de qualidade e educação. O clima só tem sentido para a humanidade se a ele estiver implicado todas essas coisas”, destaca o reitor.
Embora não tenha direito a voto, a presença da UFPA permitirá acompanhar de perto as deliberações oficiais e contribuir com posicionamentos que articulem ciência, justiça climática e os saberes das populações da Amazônia. O status de observadora assegura à UFPA participação ativa e permanente nas COPs – incluindo esta e as futuras edições.
As contribuições da Amazônia
Antes mesmo de ser comunicada oficialmente como Observadora da COP, ainda em fevereiro deste ano, a UFPA lançou o movimento “Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30”, que visa fortalecer o protagonismo de povos amazônicos, cientistas e lideranças locais nas negociações climáticas globais.
Na prática, o movimento se propõe a dar visibilidade às pesquisas amazônicas e à integração entre ciência, sociedade e cultura. O diálogo com diferentes grupos sociais, movimentos e instituições amazônicas é um dos objetivos que conduz professores, estudantes e técnicos ao objetivo de contribuir com as discussões científicas voltadas a soluções globais e locais relacionadas às temáticas da COP 30.
Em pouco mais de sete meses de atuação, o movimento integra instituições públicas de ensino técnico e superior, além das de ciência e tecnologia, em uma ampla agenda de eventos nacionais e internacionais voltados à crise climática e à valorização dos saberes amazônicos. Entre as instituições estão a Universidade de São Paulo (USP), a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne e o The Climate Reality Project. O Movimento também lançou edições mensais da publicação em quatro idiomas (português, inglês, francês e espanhol), com artigos de pesquisadores e representantes da sociedade civil.
Carta ao presidente da COP
A UFPA integrou também o grupo de 71 instituições científicas, tecnológicas e acadêmicas da Amazônia que entregaram, em agosto, a Carta da Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia ao presidente da COP 30, o embaixador André Corrêa do Lago.
O documento traz diretrizes e propostas para a implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira para o período de 2025 a 2035, com foco no enfrentamento das mudanças climáticas e na valorização dos saberes produzidos na Amazônia.
Segundo o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, a participação ativa das universidades amazônicas no processo é uma das iniciativas para fomentar a Agenda de Ação da COP 30, que orientará as negociações da Conferência do Clima da ONU. “Neste texto, reunimos universidades, institutos e centros de pesquisa, movimentos sociais que, de forma colaborativa, produziram um patrimônio de ideias valiosas, reflexões e propostas. Para nós, é um resultado de meses de dedicação, envolvendo centenas de pesquisadores e pesquisadoras que acreditam que a ciência deve ser o alicerce da construção de uma base que busca conter as mudanças climáticas. A carta é o resultado de décadas de pesquisa na região amazônica e este é o recado que precisa ser ouvido”, afirmou.
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A cobertura da COP 30 envolve todos os veículos do Grupo Liberal, com dezenas de profissionais comprometidos em divulgar as notícias do evento. O projeto tem patrocínio da Hydro, Agropalma, Grupo Status, OCB, Faepa, Fiepa, Alepa, Atacadão, Sebrae no Pará, Equatorial Energia, Natura, Recicle, Guamá Tratamentos, Fecomércio e Banco da Amazônia, além do apoio da Vale.
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