Biocosméticos de açaí impulsionam sustentabilidade e inovação no Pará

Produtos promovem preservação ambiental e geração de renda a partir dos caroços do fruto

Paloma Lobato
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Em um estado onde o açaí move a economia e a cultura, até o que antes era descartado encontra novo valor. Os caroços do fruto, que representam mais de 70% de seu volume, estão sendo reaproveitados por marcas regionais de biocosméticos que enxergam na biodiversidade amazônica uma fonte inesgotável de inovação. Esse movimento faz do Pará não apenas o maior produtor de açaí do país, mas também referência em beleza sustentável.

Quando descartado de forma inadequada, o caroço de açaí pode sobrecarregar lixões, causar mau cheiro e atrair vetores. Ao reaproveitar os resíduos por meio de coleta, higienização e processamento, empresas e cooperativas conseguem não só reduzir impactos ambientais, mas também transformar o material em insumos de alto valor, como extratos bioativos que dão origem a produtos de beleza sustentáveis, como esfoliantes, óleos corporais, séruns, entre outros.

Um exemplo disso é a Chêro Cosméticos, uma marca genuinamente paraense que, por meio do aproveitamento do caroço de açaí na produção de biocosméticos, tem feito da bioeconomia seu alicerce. A iniciativa surgiu com o desejo de transformar a biodiversidade amazônica em inovação, tecnologia e beleza. 

"O açaí é um dos símbolos mais fortes do Pará, mas ao mesmo tempo gera toneladas de resíduos por causa dos caroços que são descartados diariamente. Eu enxerguei aí uma oportunidade: transformar esse resíduo em ativo nobre para a pele. Essa ideia nasceu do encontro entre ciência, sustentabilidade e identidade cultural", destaca a CEO da Chêro Cosméticos, Thays Sintra. 

Ao transformar caroços de açaí em bioesfoliantes, óleos corporais, séruns e produtos destinados aos cuidados com a pele, a empresa entrega ao consumidor mais que um cosmético: entrega a Amazônia em sua forma mais pura. O design dos produtos reflete a floresta, mas é nos ingredientes e no impacto socioambiental que está o verdadeiro diferencial.

"Nós trabalhamos com fornecedores locais e com cooperativas que seguem boas práticas ambientais. Todo o processo é pensado para minimizar o impacto: desde o reaproveitamento da matéria-prima, embalagens sustentáveis, até formulações limpas e veganas. A sustentabilidade é critério em cada decisão da cadeia produtiva", explica a empresária. 

Geração de renda 

A cadeia de reaproveitamento mobiliza batedores, associações e biolabs paraenses. O caroço passa a ter valor, abrindo oportunidade de renda complementar para pequenos coletores e cooperativas, ao mesmo tempo em que reduz custos de destinação de resíduos para indústrias de polpa. Esse arranjo conecta produção e pesquisa, incentiva a formalização do setor e fortalece cadeias mais curtas, reduzindo o impacto logístico.

"Esse modelo gera renda para comunidades que colhem, selecionam e processam os insumos. Envolve mão de obra local, valoriza saberes tradicionais e cria oportunidades para mulheres que participam da cadeia. Então não é só sustentabilidade ambiental, mas também social e econômica", complementa Thays Sintra.

image Proposta de empresária reaproveita caroço de açaí na produção de biocosméticos (Divulgação)

Transformar caroços de açaí em ativos de beleza é mais do que tendência. É uma estratégia concreta de sustentabilidade, geração de renda e posicionamento do Pará como referência em bioeconomia, prova de que a floresta pode, sim, ser o maior laboratório de futuro do Brasil.

"Sempre senti que a Amazônia tinha muito mais a oferecer do que apenas matéria-prima bruta exportada para fora. A Amazônia também é inovação, ciência e negócios sustentáveis. Queremos apresentar o biocosmético amazônico como um exemplo concreto de economia da floresta em pé. Minha expectativa é que Belém seja vitrine mundial e que marcas como a Chêro mostrem que o futuro da beleza pode nascer aqui", finaliza Thays Sintra.

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