Preservação do meio ambiente começa com gestos do dia a dia, orientam especialistas
Em meio às discussões globais e às decisões das autoridades sobre o futuro da Terra, as ações individuais seguem sendo essenciai
Às vésperas do início dos debates sobre meio ambiente, clima e preservação florestal na Cúpula dos Líderes, entre quinta-feira (7) e sexta-feira (8), em Belém, com pautas que envolvem tanto questões ambientais quanto políticas, a população também tem um papel fundamental na proteção do planeta, como avaliam especialistas. Isso porque, em meio às discussões globais e às decisões das autoridades sobre o futuro da Terra, as ações individuais seguem sendo essenciais para a preservação ambiental.
A engenheira florestal Luciana di Paula Pereira destaca que o primeiro passo está em desenvolver uma consciência mais responsável sobre o próprio consumo e que, no dia a dia, é possível fazer a diferença. “Precisamos entender que nossos hábitos diários têm impacto direto sobre os recursos naturais. Eles fazem parte da nossa rotina, mas podem ser utilizados de forma sustentável”, afirma.
De acordo com o especialista em meio ambiente Marco Valério de Albuquerque, ações individuais isoladas não são suficientes para mitigar as mudanças climáticas de forma significativa. Ele defende que essas ações são, no entanto, um componente essencial de um esforço coletivo e cultural. Para ele, as mudanças climáticas são um fenômeno de natureza estrutural, impulsionado por sistemas econômicos, energéticos e produtivos.
“Por isso, as ações mais eficazes são as que atuam sobre as fontes de energia (transição energética para fontes renováveis); uso do solo e agricultura (redução do desmatamento, manejo sustentável); infraestrutura urbana (transporte coletivo, eficiência energética); regulação e incentivos econômicos (precificação de carbono, subsídios verdes)”, afirma o especialista.
E segundo Luciana, cuidar do uso dos recursos naturais é essencial. Ela cita exemplos simples, como evitar o desperdício de água, regular as torneiras ao lavar a louça ou tomar banho, e dar a destinação correta aos resíduos gerados em casa. “É um desafio, porque ainda precisamos avançar muito na ponta do tratamento de resíduos, mas isso não deve impedir as boas práticas individuais”, ressalta.
Ações domésticas
Marcos Valério afirma ainda que as ações domésticas mais eficazes são aquelas que atuam sobre fluxos invisíveis -energia térmica, desperdício, durabilidade) têm efeito multiplicador (educam, geram cultura e replicabilidade) e reforçam mudanças estruturais (pressão por eficiência, circularidade e energia limpa). “Os hábitos domésticos são pouco comentados, mas com forte potencial para reduzir emissões, conservar recursos e mitigar impactos ambientais, com base em estudos de redução de emissões de carbono”, pontua.
“Entre esses hábitos, a gestão de temperatura e eficiência térmica da casa. O aquecimento e o resfriamento de ambientes são grandes emissores indiretos de CO₂ (por conta da energia elétrica e do uso de gases refrigerantes). Vedação de portas e janelas reduz perda de calor/frio em até 30%; cortinas térmicas e tintas refletivas ajustam a temperatura natural; ventilação cruzada e sombreamento com plantas; manutenção regular do ar-condicionado e geladeira, que evita vazamentos de gases HFC, altamente poluentes e reduz o consumo elétrico em até 20–40% e diminui a necessidade de ar-condicionado”, lista.
Efeito positivo
Para a engenheira, todas as ações conscientes têm efeito positivo e a reciclagem é uma das mais importantes. “Não fazer nada é o problema. A reciclagem evita que o resíduo vá para o meio ambiente e reduz a necessidade de novas matérias-primas para a produção de produtos”, explica. Ela reforça que, quando o sistema de aterros está adequado, separar o lixo em casa é uma medida estratégica para diminuir o volume de rejeitos.
Alguns hábitos domésticos menos falados também podem gerar grandes resultados. Luciana cita a alimentação saudável como exemplo. “Pode parecer curioso, mas adotar uma alimentação equilibrada tem impacto positivo tanto para a saúde quanto para o meio ambiente”, observa.
Plantio de árvores
Ainda segundo a especialista, plantar árvores é uma das ações cotidianas mais simbólicas e eficazes, já que são vistas como símbolos da vida. Quanto mais árvores existirem, melhor será o ambiente em todos os aspectos. Para aqueles que desejam contribuir com o reflorestamento, a orientação é escolher espécies nativas da região, pois elas se adaptam melhor ao ecossistema local e evitam pragas e doenças associadas a espécies exóticas.
Luciana também destaca a importância de reduzir o uso de plásticos descartáveis, como copos, sacolas e garrafas. “O plástico leva de 20 a 100 anos para se decompor. Quanto menos utilizarmos ou mais reciclarmos, menos resíduos teremos na natureza. Reduzir é essencial, mas, se usar, reciclar é fundamental”, reforça.
Uso de energia
A engenheira ainda explica que, ao reduzir o uso de energia, diminui-se a demanda por hidrelétricas e combustíveis fósseis, o que mitiga impactos ambientais. Além disso, a engenheira mencionou que economizar energia também representa economia financeira. Para Luciana, a soma dessas atitudes é o que faz a diferença, afirmando que a sustentabilidade é um conjunto de pequenas escolhas conscientes e que, quando cada pessoa faz a sua parte, o resultado coletivo é transformador.
Outros cuidados simples ajudam a evitar a contaminação do solo e da água, como o descarte correto de pilhas, baterias e óleo de cozinha. “São resíduos tóxicos e não devem ser jogados na natureza. É preciso dar a destinação adequada, garantindo que sejam reciclados ou encaminhados de forma segura”, explica.
Marcos Valério afirma que, em cidades grandes, a sustentabilidade não é medida apenas pelo contato com o verde, mas também pela eficiência no uso de recursos como energia, água, tempo e espaço. “Promover a redução da pegada de carbono individual, a partr do transporte, consumo, alimentação). E ainda é importante a participação em redes locais, como coletivos, feiras, cooperativas, hortas urbanas. E o engajamento cívico, pressionar por políticas públicas sustentáveis”, pontua.
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