Material utilizado na Blue Zone favoreceu propagação rápida do incêndio, afirma bombeira civil
Apesar de ainda não haver confirmação oficial sobre a causa do incêndio, a bombeira considera possível que um curto-circuito tenha iniciado as chamas
A estrutura da Blue Zone, área temporária montada para as atividades preparatórias da COP30, utilizava materiais que contribuíram para a rápida propagação das chamas durante o incêndio registrado nesta quarta-feira (20). A avaliação é da bombeira civil Millena Assis.
Segundo Assis, grande parte da estrutura era composta por lonas plásticas, divisórias removíveis e elementos ornamentais, muitos deles inflamáveis. Embora alguns pontos contassem com materiais antichamas, a proteção não era uniforme em todo o espaço. “A ornamentação contribuiu muito para que as chamas se propagassem rapidamente”, afirmou.
A bombeira explica que os extintores posicionados no local eram adequados apenas para princípios de incêndio, e não para um episódio da dimensão registrada. “Eles são colocados em áreas estratégicas, mas apenas para pequenos focos. Para um incêndio daquela proporção, só com carro-pipa ou sistema de bombas seria possível conter as chamas”, disse.
Assis destaca que o maior perigo aos visitantes não foi o fogo, mas a fumaça tóxica liberada pela queima de materiais como esponjas, fiação, lonas e componentes plásticos. “O risco real era de contaminação e sufocamento pela fumaça química. Havia muitos materiais ornamentais que liberam substâncias nocivas quando queimam”, reforça.
Sobrecarga elétrica pode ter contribuído
Apesar de ainda não haver confirmação oficial sobre a causa do incêndio, a bombeira considera possível que um curto-circuito tenha iniciado as chamas, já que o espaço concentrava alto volume de equipamentos elétricos. “A sobrecarga de energia era grande. Muitas pessoas utilizam adaptadores tipo ‘T’, o que aumenta o risco de aquecimento e curto”, explicou.
Ela também lembra que eventos desse porte passam por vistorias prévias do Corpo de Bombeiros Militar e da Defesa Civil, mas ressalta que, mesmo com inspeções, ambientes temporários apresentam vulnerabilidades. “O material ali era altamente inflamável. Ninguém imagina que um curto vai acontecer, mas é um risco real”, disse.
Para Assis, além do uso de materiais antichamas, a presença de sacos de areia em pontos estratégicos teria ajudado a conter a propagação das chamas. “A areia impede que o fogo avance e cresça. Poderia ter facilitado muito para evitar que o incêndio tomasse aquela proporção”, avaliou.
Ela também recomenda ampliar a quantidade de extintores, evitar sobrecarga elétrica e reforçar orientações de segurança para visitantes. “As pessoas precisam saber para onde correr e como agir. Isso evita pânico e reduz riscos em situações de emergência”, concluiu.
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