Jornalista da TV Liberal, Fábia Sepêda é selecionada para treinamento climático na Alemanha
A experiência prévia em coberturas de conferências climáticas foi um diferencial importante para a escolha da jornalista, única paraense entre os dez selecionados
A jornalista Fábia Sepêda, apresentadora da TV Liberal, foi uma das dez profissionais da comunicação selecionadas para o programa de treinamento promovido pela taz Panter Foundation, da Alemanha, voltado ao jornalismo ambiental e à cobertura da COP30, que será realizada em novembro, em Belém. Fábia foi a única representante do Pará escolhida entre centenas de candidaturas da Pan-Amazônia, região que abrange nove países: Brasil, Colômbia, Peru, Equador, Bolívia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.
O programa — que ocorre em formato híbrido — inclui palestras online realizadas entre maio e agosto e será finalizado com um treinamento presencial em Berlim, em setembro. A viagem terá todas as despesas custeadas pela fundação. O objetivo da iniciativa é ampliar o repertório e as habilidades de jornalistas amazônicos na cobertura de temas climáticos, criando pontes de diálogo e colaboração internacional em torno da maior conferência climática da ONU.
Segundo Fábia, o processo seletivo foi altamente competitivo e realizado inteiramente em inglês. A experiência prévia em coberturas de conferências climáticas e o fato de viver em Belém, cidade-sede da COP30, além da fluência no idioma, foram diferenciais importantes para a escolha da jornalista, única paraense entre os selecionados.
Em 2023, na COP28 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, Sepêda se tornou a primeira repórter da TV Liberal a fazer a cobertura presencial da Conferência da ONU sobre Mudanças do Clima. A experiência se repetiu em 2024, na COP29, na capital do Azerbaijão, Baku. “Eu acho que essas experiências que tive na conferência, pelo Grupo Liberal, foram determinantes para que eles considerassem a minha escolha”, avalia a jornalista.
Jornalismo ambiental como pauta do cotidiano
Com mais de uma década de atuação na imprensa paraense — sendo seis anos só no Grupo Liberal, Fábia vem se destacando em coberturas voltadas para as questões socioambientais na Amazônia. Ela acredita que o jornalismo ambiental precisa ser compreendido como parte do noticiário cotidiano.
“A mudança climática faz parte do nosso dia a dia. A gente tem que debater esse assunto o tempo todo. Não é mais um jornalismo específico, é um jornalismo de atualidade”, defende.
Durante os encontros online do programa, os jornalistas têm participado de debates sobre temas que afetam a Amazônia em diferentes países, como devastação florestal, tráfico de drogas, acesso a dados públicos e impactos da ocupação ilegal de terras, compartilhando experiências e desafios.
Da Ilha do Combu para o mundo
Como fruto do primeiro módulo do programa, Fábia já publicou uma reportagem no jornal taz, da Alemanha, abordando os impactos ambientais provocados pelo turismo predatório na Ilha do Combu, em Belém — ponto turístico da capital paraense e Área de Preservação Ambiental (APA), que tem enfrentado degradação acelerada nos últimos anos.
“Nessa reportagem, conversei com pescadores, com pessoas que vivem do turismo local, e eles alertaram para o desaparecimento de peixes, camarões e o assoreamento do rio. A ocupação imobiliária também está avançando de forma descontrolada”, diz.
Fábia destacou ainda que Belém, futura sede da conferência, tem projeções climáticas alarmantes — entre elas, a possibilidade de se tornar, até 2050, a segunda capital mais quente do mundo.
Um olhar amazônico sobre a COP30
A jornalista destaca que o programa da taz Panter Foundation tem ampliado sua visão sobre as complexidades do debate climático, ajudando a entender que essas questões extrapolam os limites do meio ambiente e se conectam com transporte, habitação, mobilidade urbana, segurança alimentar e justiça social.
“O principal desafio é traduzir esse cenário para quem nos assiste, mostrar que a mudança climática afeta a vida de todo mundo. Cada calor extremo, cada trânsito congestionado, tem uma relação com isso.”
Em setembro, Fábia embarca para Berlim, onde, além do treinamento intensivo com jornalistas de todo o mundo, também foi convidada a participar de um seminário sobre a cobertura climática na Amazônia. Lá, ela promete levar um pouco da cultura paraense — do carimbó ao tecnobrega — como parte de uma troca cultural que acompanha a missão ambiental.
“Já me pediram para levar um pouco da nossa música. Vou falar da Amazônia, da nossa vivência, mas também levar nossas tradições”, adianta a apresentadora do jornalístico matutino Bom Dia, Pará.
Com a experiência adquirida na Alemanha e o olhar sobre as especificidades amazônicas, Fábia Sepêda volta ainda mais preparada para um desafio histórico: cobrir a COP30 em sua cidade natal, Belém, levando ao mundo as vozes e os dilemas de uma Amazônia que vive e resiste em meio às mudanças do clima.
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