Fotógrafa da ONU descreve COP30 como “bíblica” após incêndio e incidentes em Belém
A fotógrafa encerrou o relato afirmando que esta foi a COP mais exaustiva de sua trajetória profissional
A fotógrafa oficial da Organização das Nações Unidas, Kiara Worth, afirmou que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), realizada em Belém, foi a conferência climática “mais difícil” de sua carreira. Em uma publicação feita na quinta-feira (20), ela definiu o evento em apenas uma palavra: “bíblica”. A declaração foi dada ao relatar uma série de incidentes que marcaram os 11 dias de programação, incluindo um incêndio em um dos pavilhões e a invasão à Zona Azul no dia 11 de novembro.
Na postagem, Worth disse que “não há outra forma de descrever a COP 30”, citando chuvas torrenciais, inundações, presença de militares em diversos pontos, oscilações de temperatura, além de cortes de água e energia. A fotógrafa afirmou: “Hoje, o local estava literalmente em chamas”. Ela descreveu a situação como inacreditável e disse que “não se pode inventar algo assim”.
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Kiara relatou que o dia já havia começado com tensão. As negociações tinham avançado madrugada adentro e, ao chegar ao local, o ambiente parecia “pesado”. Ela acompanhou reuniões bilaterais do secretário-geral da ONU, António Guterres, com delegações e representantes do clima. Durante a manhã, Guterres fez um apelo: “Esta é a hora da liderança. Exige coragem. Sejam ousados. Sigam a ciência. Coloquem as pessoas antes do lucro”.
Menos de duas horas depois, porém, Worth contou que a equipe precisou retirar o secretário-geral pelos fundos, após uma ordem de evacuação por causa do incêndio. Imagens que começaram a circular mostraram chamas, fumaça e os restos de um pavilhão que, segundo ela, havia visitado no dia anterior. O teto desabou parcialmente.
Ela destacou que ainda não se sabe o que provocou o incêndio, mas afirmou, que a segurança da ONU agiu rapidamente e que todos estavam seguros. O espaço foi temporariamente fechado, e a incerteza sobre o andamento das negociações passou a dominar o ambiente.
A fotógrafa questionou se as conversas continuariam naquela noite e se ainda seria possível chegar a um acordo robusto após tantos incidentes. “Ninguém sabe”, escreveu.
Worth encerrou o relato afirmando que esta foi a COP mais exaustiva de sua trajetória profissional, mas que, em meio ao caos, também encontrou um tipo de clareza. Para ela, a conferência trouxe um lembrete do que significa persistir “não porque é fácil, mas porque importa”. Ela acrescentou que o mundo “está em chamas” e que este é um momento decisivo para definir “o que surgirá da fumaça”.
*Thaline Silva, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do núcleo de Política e Economia
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