Em um ano, indústria cervejeira avança 10% na reciclagem de vidro na Região Norte
Setor antecipa metas nacionais e reforça ações de logística reversa durante a COP 30, em Belém
A indústria cervejeira brasileira registrou avanço de quase 10% na reciclagem de vidro na Região Norte no último ano, segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv). O resultado reflete a intensificação das políticas de sustentabilidade e logística reversa no setor, que já alcança índices expressivos em outras frentes, como a reciclagem de alumínio, próxima de 100%. Em Belém para participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), executivos do Sindicerv têm destacado esses e outros avanços do setor.
Outros dados positivos do setor mostram que o Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo. A indústria cervejeira representa 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e gera cerca de 2,5 milhões de empregos em toda a cadeia produtiva. No Pará, o segmento é expressivo, com 22 cervejarias em operação e aproximadamente 100 mil postos de trabalho diretos e indiretos.
De acordo com o presidente executivo do Sindicerv, Márcio Maciel, a indústria é fortemente conectada à sustentabilidade, com práticas de agricultura regenerativa e uso de 100% de energias limpas em várias cervejarias. “O Pará, sem dúvida, é um dos estados com maior potencial, tanto por sua estrutura quanto por sediar a COP. Toda a discussão sobre economia circular e sustentabilidade está mais viva aqui”, afirmou.
Embalagens circulares
No segundo dia da conferência, nesta terça (11), Maciel e a gerente de sustentabilidade da entidade, Priscilla Gurgel, participaram de dois painéis sobre economia circular na Green Zone (Zona Verde), aberta ao público. Nesta quarta (12), os executivos também visitaram a sede do Grupo Liberal, em Belém, onde apresentaram ao CEO da Indústria de Bebidas Paraense (Inbepa), Ronaldo Maiorana Jr., um panorama da atuação do setor e reforçaram a importância da parceria entre governos e indústria para ampliar as ações ambientais.
A indústria cervejeira é pioneira na retornabilidade de embalagens de vidro desde os anos 1960. Hoje, 81% das garrafas de vidro são retornáveis, e mais de 85% de todas as embalagens utilizadas no setor são consideradas circulares — ou seja, reutilizadas ou recicladas. Além do vidro, as latas de alumínio atingiram 97% de reciclagem no ano passado, enquanto os barris de chope são 100% retornáveis e reciclados ao fim da vida útil.
Segundo Priscilla Gurgel, o principal desafio logístico na região Norte é a distância dos polos vidreiros, concentrados no litoral. “O transporte de material pesado encarece o processo e aumenta as emissões. Mas temos conseguido destinar o vidro reciclado a outras indústrias, como a de construção civil, para a produção de tinta reflexiva e cimento”, explicou.
Metas antecipadas
A indústria também tem antecipado metas nacionais. O índice de conteúdo reciclado — que mede a proporção de material reaproveitado nas embalagens — já é de 36%, meta inicialmente prevista para 2032. A gerente destacou ainda que o sucesso da logística reversa depende da atuação conjunta do poder público: “Para que eu consiga pegar uma embalagem de volta, a cidade tem que ter no mínimo coleta seletiva”, disse.
Com a adoção de rotas mais eficientes e a eletrificação gradual de frotas, o setor pretende reduzir ainda mais as emissões e os resíduos no ciclo produtivo. “Esse é um passo super importante no ambiente que estamos vivendo hoje”, concluiu Maciel.
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