Em Belém, vice-presidente Alckmin assina carta de compromisso para descarbonização
No Pavilhão Brasil, na Green Zone, Geraldo Alckmin destacou a urgência climática e a necessidade de transformar metas em ações concretas
No oitavo dia da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, protagonizou uma série de agendas que consolidam a posição do Brasil na transição para uma economia de baixo carbono. Em meio às negociações de alto nível, Alckmin lançou e assinou a carta de compromisso da Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial (ENDI), uma diretriz que promete acelerar a redução de emissões em setores como siderurgia, alumínio, cimento, papel e celulose.
No Pavilhão Brasil, na Green Zone, Alckmin destacou a urgência climática e a necessidade de transformar metas em ações concretas. “É urgente reduzir a emissão de carbono e gases de efeito estufa”, afirmou, mencionando o desequilíbrio provocado pelo uso intensivo de combustíveis fósseis. Ele reforçou que a estratégia brasileira passa por três pilares: combater o desmatamento, fortalecer a bioeconomia e ampliar a inovação industrial com foco na competitividade e sustentabilidade. “É fundamental que a gente cure e recomponha as florestas”, disse.
A ENDI, lançada em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), estrutura quatro eixos para a descarbonização: pesquisa e inovação; substituição de insumos fósseis por alternativas sustentáveis; estímulo ao consumo de produtos de baixo carbono; e instrumentos de financiamento e incentivos fiscais. O compromisso foi assinado por Alckmin e por Alex Carvalho, vice-presidente da CNI e presidente da Fiepa, consolidando uma aliança entre governo e setor produtivo para impulsionar a economia verde no país.
Alckmin citou ainda os avanços do programa Nova Indústria Brasil e ressaltou o impacto positivo da reciclagem. “Se eu pegar a latinha e reciclar, gasto muito menos energia. Ajuda a combater a inflação e reduz custos”, frisou.
A agenda do dia também incluiu a participação de Alckmin na abertura do segmento de Alto Nível da conferência, ao lado de autoridades como Annalena Baerbock, presidente da Assembleia-Geral da ONU, e Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC. Diante de representantes de mais de 160 países, o vice-presidente afirmou que esta é a COP da “verdade, implementação e responsabilidade”, ressaltando que o “tempo das promessas já passou”. Ele lembrou que o Brasil já reduziu o desmatamento em 50% e reforçou a meta de zerar a derrubada ilegal até 2030.
Entre os compromissos internacionais, destacou-se a menção ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que mobiliza bilhões de dólares para aliar preservação e inclusão socioeconômica. A Amazônia foi apresentada como exemplo global de que é possível “crescer, produzir e conservar”. “Proteger a floresta é proteger as pessoas. A vida humana e a natureza são inseparáveis”, declarou.
Além da participação na plenária e no evento com a CNI, Alckmin manteve reuniões com empresários e teve um encontro bilateral com Carsten Schneider, ministro do Meio Ambiente da Alemanha, em meio às expectativas de novos aportes ao fundo climático TFFF. Ainda nesta segunda-feira, o vice-presidente lançou a Plataforma Recircula Brasil, dedicada ao monitoramento e certificação de cadeias de reciclagem — um esforço crucial num país que recicla apenas 8% dos resíduos sólidos urbanos, segundo estimativas da Abrema.
A última agenda do dia ocorre no Pavilhão BNDES, com o lançamento do programa Coopera + Amazônia, voltado ao fortalecimento de cooperativas e cadeias produtivas da bioeconomia na região.
Com uma série de anúncios, articulações e compromissos, o Brasil tenta aproveitar a COP30 em casa para inaugurar uma nova fase: a passagem da negociação para a implementação das metas climáticas, consolidando o país como protagonista na corrida global por um futuro de baixo carbono.
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