Conheça o plano de US$ 1,3 trilhão em financiamento climático que orienta negociações da COP 30
"Mapa do Caminho de Baku a Belém" será o foco da conferência que começa hoje, com proposta ambiciosa para mobilizar recursos para países em desenvolvimento até 2035
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) começa nesta segunda (10) em Belém (PA) com a proposta central de reestruturar o financiamento climático global. A agenda será pautada pelo ambicioso "Mapa do Caminho de Baku a Belém", lançado pelos presidentes da COP 29, Mukhtar Babayev, e da COP 30, André Corrêa do Lago, que define um plano estratégico de cinco frentes de ação (5Rs) para mobilizar pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano em recursos para países em desenvolvimento até 2035. Os presidentes reiteram que os recursos existem e o plano mira a implementação prática do Acordo de Paris, exigindo esforços significativos de todos os atores.
Acesse aqui o relatório do Mapa do Caminho de Baku a Belém.
🗺️ O que é o "Mapa do Caminho de Baku a Belém"?
O "Mapa do Caminho de Baku a Belém" é um plano estratégico elaborado pelas Presidências da COP 29 do Azerbaijão e da COP 30 do Brasil. Ele visa mobilizar pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano em financiamento climático para os países em desenvolvimento até 2035. O documento, formalizado na última quarta-feira (5), propõe uma reestruturação do financiamento climático global e alinha políticas fiscais e instrumentos de crédito às metas de descarbonização e adaptação.
Ao assinalar uma década desde a adoção do Acordo de Paris, o avanço rumo a uma nova meta de financiamento deverá catalisar a próxima etapa na implementação dos compromissos assumidos. O Secretário Executivo da UNFCCC, Simon Stiell, enfatizou que o Mapa demonstra "como, por meio da cooperação, podemos ampliar o financiamento climático para alcançar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035".
Em seu cerne, o plano transforma a urgência científica em um roteiro prático.
"Para acelerar a implementação do Acordo de Paris, a ação climática precisa estar integrada a reformas econômicas e financeiras concretas. Com as 5Rs, o Mapa transforma a urgência científica em um plano prático de cooperação global e resultados efetivos", declarou Corrêa do Lago.
🎯 Cinco frentes (5Rs) para a meta de US$ 1,3 Trilhão
O Mapa estabelece cinco frentes de ação que serão priorizadas até 2035, com o objetivo de ampliar o acesso para os países em desenvolvimento e fortalecer os resultados em áreas-chave, como adaptação, perdas e danos, e energia limpa.
1. Reabastecimento de doações, financiamento concessional e capital de baixo custo
Essa frente propõe a ampliação dos fundos multilaterais e novas emissões de direitos especiais de saque (SDRs) pelo FMI, direcionadas a projetos de mitigação e adaptação.
2. Reequilíbrio do espaço fiscal e da sustentabilidade da dívida
O eixo defende a revisão dos critérios de risco aplicados por agências de rating, que hoje penalizam países vulneráveis, e sugere que planos nacionais de transição possam ser elegíveis para linhas de crédito com prazos ampliados.
3. Redirecionamento de financiamento privado transformador e redução do custo de capital
Discute a criação de instrumentos híbridos de risco — como garantias parciais e fundos de primeira perda — para atrair investidores institucionais ao mercado climático.
4. Reestruturação da capacidade e da coordenação para portfólios climáticos em escala
Propõe que os bancos de desenvolvimento regionais adotem métricas comuns de impacto e planos integrados de financiamento, como a criação de "plataformas-país".
5. Reformulação de sistemas e estruturas para fluxos de capital equitativos
Eixo focado em governança e transparência, sugere maior representatividade dos países do Sul Global nos conselhos de instituições financeiras multilaterais e padronização de relatórios de riscos climáticos.
💰 Ações imediatas e o foco da COP 30
Para iniciar a implementação, as presidências propõem um conjunto de ações iniciais para o período 2026-2028, visando melhorar a qualidade dos dados, estimular debates estruturantes sobre reformas e fortalecer a transparência e a cooperação internacional. Entre as metas imediatas, estão a revisão das condições de dívida de países altamente vulneráveis e o aumento do capital dos bancos multilaterais.
O Mapa reflete o crescente consenso internacional em torno da necessidade de reformar a arquitetura financeira global. O presidente da COP29, Mukhtar Babayev, ressaltou a urgência:
"Os compromissos climáticos para 2030 e 2035 nos oferecem uma oportunidade rara de transformar promessas em desenvolvimento real e sustentável — protegendo o planeta, gerando empregos, fortalecendo comunidades e garantindo prosperidade para todos", declarou.
O documento, que contou com o apoio de organismos como Banco Mundial, FMI, BID e Banco Africano de Desenvolvimento, busca corrigir desequilíbrios estruturais do sistema financeiro global. "Este é o início de uma era de transparência no financiamento climático", afirmou Corrêa do Lago.
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