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Antes de Barqueata, movimentos sociais exigem justiça climática na Cúpula dos Povos

Central de Movimentos Populares, pescadores, parteiras e ativista Waiwai defendem a Amazônia, criticam o sistema capitalista e pedem mais apoio governamental para as populações tradicionais

Dilson Pimentel e Gabriel da Mota
fonte

Representantes de diversos movimentos sociais do Pará e do Brasil trouxeram suas principais reivindicações à beira do rio Guamá, na orla da Universidade Federal do Pará (UFPA) em Belém, antes do início da Barqueata da Cúpula dos Povos, nesta quarta-feira (12). As falas são alinhadas na defesa do meio ambiente, na crítica ao sistema capitalista e na busca por mais reconhecimento e apoio às populações tradicionais.

O evento, que deve reunir cerca de 200 embarcações, navegará em direção à Vila da Barca para dar início oficial à programação da Cúpula dos Povos. 

Movimentação antes da Barqueta da Cúpula dos Povos, nesta quarta (12) em Belém

'Ricos paguem a conta'

O coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, afirmou que o povo sofre as consequências da destruição ambiental causada pelo sistema capitalista, que, segundo ele, possui um modo de produção e consumo "envenenado". Bonfim destacou que esse sistema causa pobreza, fome, desastres naturais e extremos de temperatura, e por isso, exige que "os ricos paguem a conta da mitigação e da adaptação da emergência climática".

"Não é justo eles explorarem nossas naturezas, nossos recursos naturais, causar pobreza e sobreviverem nos seus ares condicionados mundo afora", protestou.

O coordenador da CMP informou que a mobilização conta com 254 militantes e dirigentes alinhados para fazer uma junção entre as lutas concretas, como moradia agroecológica e cozinhas comunitárias.

Guardiões da natureza

Manoel Bueno dos Santos, da coordenação nacional do Movimento dos Pescadores e Pescadoras do Brasil, falou em nome de aproximadamente 1,6 milhão de pescadores artesanais no Brasil, destacando que o principal objetivo é a defesa do meio ambiente.

"Nós estamos em uma luta aqui muito grande para que possamos, talvez não reduzir definitivamente os impactos ambientais que existem, mas pelo menos nós temos certeza que nós vamos diminuir a velocidade", disse.

O pescador, mais conhecido como Nego da Pesca, enfatizou que o Pará é considerado o "coração da Amazônia" e que os guardiões da natureza são os primeiros a serem impactados quando há destruição.

"Essa é a nossa preocupação, é a preocupação com a nossa juventude, que vem aí, nossa futura geração que vem aí", complementou.

A floresta é 'tudo'

O ativista indígena Roque Waiwai, liderança do povo Waiwai, ressaltou a importância da floresta para seu povo.

"A floresta que vocês estão falando é minha casa. Nossa casa, nosso prédio, nosso shopping", descreveu.

Ele criticou a atuação do governo no manejo da floresta, afirmando que os indígenas "sabem cuidar realmente das florestas".

"O governo não sabe cuidar da floresta. Só sabe cuidar do desmatamento, roer os nossos territórios. É isso que o branco sabe", declarou.

Valorização das parteiras

Maria Augusta da Cunha Borges, presidente da Associação das Parteiras Tradicionais de Breves, no Marajó, e integrante do Movimento de Mulheres do Campo da Cidade do Estado do Pará (MMCC), destacou a luta para manter viva a tradição das parteiras. A associação conta hoje com 124 parteiras cadastradas.

Ela reforçou a necessidade de apoio e reconhecimento das parteiras pelo Ministério da Saúde, já que o trabalho ainda é feito de forma voluntária.

"Nós, enquanto mulheres, estamos fazendo de tudo para que o nosso movimento continue vivo na memória daqueles que já se foram e daquelas que estão começando a vir fazer parto tradicional domiciliar", concluiu.

A Cúpula dos Povos busca reunir milhares de pessoas em debates, plenárias e atividades culturais voltadas à justiça climática e aos direitos dos povos da Amazônia.

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