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Blocos de carnaval trazem alegria às ruas de Lisboa

Após dois anos de pausa, a capital portuguesa volta a se render à folia brasileira

Anna Carla Ribeiro

Não é o frio típico de um mês de inverno europeu que impedirá que hot pants, potes de glitter e paetês saiam do armário em Portugal. Ano após ano, os blocos de carnaval típicos do Brasil invadem as ruas de Lisboa e atraem milhares de pessoas. Após dois anos de pausa por conta das restrições necessárias ao controle da pandemia da Covid-19, este ano, mais precisamente neste final de semana, a capital portuguesa será rendida ao samba e à animação que já é marca registrada do povo brasileiro.

Um dos blocos que sairá em cortejo neste sábado, 26, a partir das 13h, com concentração no Panteão Nacional, em Lisboa, é o Colombina Clandestina. Criado em 2017, sendo um dos pioneiros no resgate do carnaval de rua da cidade, já chegaram a reunir mais de 7 mil pessoas em seu último desfile, em 2020. “São seis anos de carnaval! Temos uma forte ligação com o território e a comunidade local. Nossos cortejos saem sempre nas freguesias de Alfama e São Vicente. Levam alegria aos moradores, ativam a economia local em meses de baixa temporada do turismo e geram diversidade a locais tão tradicionais da cidade”, destacou uma das fundadoras do bloco, Andréa Freire. Após o cortejo, às 18h, haverá o Baile da Colombina, no prédio onde funciona a “Voz do Operário”. O sucesso é tanto que os ingressos já estão esgotados.

Segundo Andréa, o bloco Colombina Clandestina acredita que a arte de rua vive na intersecção entre a localidade, as artes e a crítica social. “Os projetos que desenvolvemos contribuem para o desenvolvimento cultural, social e econômico local, a partir de três pilares de atuação, os quais chamados de ‘Princípios para a Transformação’.  Alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), estes atuam como orientadores de todos os nossos projetos: o feminismo, a diversidade e o viver a rua”, explicou. O Coletivo conta com mais de 30 artistas, entre músicos, designers, handcrafters e outros. Também conta com 70 integrantes ativos nas práticas de percussão e expressão corporal.

No domingo, 27, será a vez do Bloco Bué Tolo se apresentar em um bar brasileiro localizado no Cais do Sodré, em Lisboa. O bloco surgiu inspirado nos blocos de carnaval do Rio de Janeiro. “Sou carioca da gema e já tinha fundado junto com amigos um bloco de carnaval lá, chamado Empolga às 9. Quando vim morar em Lisboa, em 2014, já vim com a intenção de criar um bloco aqui, trazendo alguns instrumentos de percussão na bagagem. Daí, em fins de 2017, entre algumas ideias foram se juntando pessoas que tinham como referência os blocos de rua do Rio e a maioria, apaixonada pelo bloco Boi Tolo, que arrasta uma multidão de foliões no carnaval carioca. Na hora, surgiu a ideia de homenagear o bloco, colocando uma palavra muito comum por aqui, que é Bué, que significa 'muito'. Daí surgiu o Bué Tolo”, contou Leonardo Mesquita, fundador do bloco.

Este ano, o Bué Tolo conta com um naipe de sopros (trompete e saxofone) para animar o público, além de um repertório bem eclético que vai de Sidney Magal ao rock, passando pelo samba, marchinhas, pop e axé. A festa terá início às 12h e tem previsão de término só às 00h. A tradição dos blocos de carnaval de rua típico do Brasil, aos poucos, tem caído no gosto dos portugueses. “A receptividade vem melhorando a cada ano. Quando cheguei, Lisboa não tinha nenhuma tradição de blocos de rua, aos poucos foram surgindo alguns e hoje já vejo muitos portugueses se divertindo na época do carnaval. Inclusive, já tem alguns tocando em baterias dos diversos blocos que já existem na cidade. Eles amam a música brasileira!”, garantiu Leonardo.   

A expectativa de poder voltar a fazer carnaval na capital portuguesa é alta. “É uma alegria imensa! Esse ano será a retomada do carnaval de rua por aqui. Mesmo sabendo que a Covid-19 ainda não foi embora, os números por aqui já estão caindo muito, segundo o Serviço Nacional de Saúde. Então queremos fazer um carnaval com responsabilidade e sempre respeitando as normas sanitárias”, considerou Mesquita.

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