Risco PT Silvio Navarro 19.01.22 8h00 Se as pesquisas divulgadas semanalmente estiverem certas – embora, particularmente, não acredite nos números –, o ex-presidente Lula pode retornar ao Palácio do Planalto depois das eleições de outubro. A volta por cima após uma temporada na cadeia também significaria a retomada do projeto de poder do PT, arquitetado em Brasília há duas décadas e só interrompido pelo desastre do governo Dilma Rousseff. Há, contudo, uma latente diferença entre o PT que vai às urnas neste ano e o de ontem. Trata-se de um partido sem a roupagem "paz e amor" dos marqueteiros de 2002 e 2006. Leia-se: é o PT como ele é, sem fantasias. Na prática, o que isso significa? Segundo discursos recentes de Lula, da presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, reaparições de figuras como José Dirceu e José Genoino e toda a turma de "descondenados" por tribunais superiores, poderíamos ter: O fim da autonomia do Banco Central; Retrocesso na agenda de privatizações; Revogação do teto de gastos públicos; Volta de leis trabalhistas que ampliam a burocracia estatal; O imposto sindical redivivo; Nenhum compromisso com empresariado ou bancos; Controle da mídia e das redes sociais; Uma enxurrada de dinheiro público da cultura para a esquerda; Aparelhamento da máquina pública e a volta da 'república sindical'; Invasões de terras pelo MST, os sem-teto e seus satélites; Estado cada vez maior e gastador; E algo muito pior: José Genoino anunciou recentemente nas redes sociais que será preciso instaurar uma “nova política de defesa no país” para “diminuir a reações militares”. Isso é chavismo sem maquiagem. Nem quando o governo Lula atingiu recorde de popularidade isso não foi levado a cabo. Outra prova de que desta vez não há disfarces foi a declaração de Gleisi Hoffmann, segundo quem está descartada a edição de uma nova "Carta aos Brasileiros", como em 2002. Para o comando do PT, a equação é simples: como calculam que vão ganhar, então por que estabelecer um compromisso com o mercado financeiro e o setor produtivo? Aliás, desta vez sequer existe um novo Antonio Palocci, tratado como "fiador da paz de mercado" no passado. Tampouco existe um José Alencar, empresário de sucesso, convencido a ser vice. É bem possível que o copiloto da chapa seja outro nome de esquerda – quiçá, mais radical. Com as eleições no Chile, Peru, na Argentina, Nicarágua, em Honduras e outros, somadas aos bolivarianos já constituídos, restaria muito pouco da direita na América Latina – a Colômbia ainda vai às urnas e Equador e Paraguai resistiram. Trata-se de um desequilíbrio gritante (e perigoso) no continente. Não é exagero afirmar que o Brasil está sob o risco de recuar vinte casas no tabuleiro da história – tudo para que um partido tente reescrever a sua própria história e lave a biografia de personagens que agiram fora da lei. Esse é o risco PT. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave silvio navarro pt eleições 2022 COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Silvio Navarro . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!