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SILVIO NAVARRO

Formado em jornalismo, acompanhou os principais fatos políticos do país nas últimas duas décadas como repórter do jornal Folha de S.Paulo em Brasília e na capital paulista, editor de Veja e âncora da Jovem Pan. É comentarista político da RedeTV! e escreve para a revistaoeste.com e o jornal O Liberal. Autor do livro "Celso Daniel - Política, corrupção e morte no coração do PT". | silvionavarrojornalista@gmail.com

Risco PT

Silvio Navarro

Se as pesquisas divulgadas semanalmente estiverem certas – embora, particularmente, não acredite nos números –, o ex-presidente Lula pode retornar ao Palácio do Planalto depois das eleições de outubro. A volta por cima após uma temporada na cadeia também significaria a retomada do projeto de poder do PT, arquitetado em Brasília há duas décadas e só interrompido pelo desastre do governo Dilma Rousseff.

Há, contudo, uma latente diferença entre o PT que vai às urnas neste ano e o de ontem. Trata-se de um partido sem a roupagem "paz e amor" dos marqueteiros de 2002 e 2006. Leia-se: é o PT como ele é, sem fantasias.

Na prática, o que isso significa? Segundo discursos recentes de Lula, da presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, reaparições de figuras como José Dirceu e José Genoino e toda a turma de "descondenados" por tribunais superiores, poderíamos ter:

  • O fim da autonomia do Banco Central;
  • Retrocesso na agenda de privatizações;
  • Revogação do teto de gastos públicos;
  • Volta de leis trabalhistas que ampliam a burocracia estatal;
  • O imposto sindical redivivo;
  • Nenhum compromisso com empresariado ou bancos;
  • Controle da mídia e das redes sociais;
  • Uma enxurrada de dinheiro público da cultura para a esquerda;
  • Aparelhamento da máquina pública e a volta da 'república sindical';
  • Invasões de terras pelo MST, os sem-teto e seus satélites;
  • Estado cada vez maior e gastador;

E algo muito pior: José Genoino anunciou recentemente nas redes sociais que será preciso instaurar uma “nova política de defesa no país” para “diminuir a reações militares”. Isso é chavismo sem maquiagem. Nem quando o governo Lula atingiu recorde de popularidade isso não foi levado a cabo.

Outra prova de que desta vez não há disfarces foi a declaração de Gleisi Hoffmann, segundo quem está descartada a edição de uma nova "Carta aos Brasileiros", como em 2002. Para o comando do PT, a equação é simples: como calculam que vão ganhar, então por que estabelecer um compromisso com o mercado financeiro e o setor produtivo? Aliás, desta vez sequer existe um novo Antonio Palocci, tratado como "fiador da paz de mercado" no passado. Tampouco existe um José Alencar, empresário de sucesso, convencido a ser vice. É bem possível que o copiloto da chapa seja outro nome de esquerda – quiçá, mais radical.

Com as eleições no Chile, Peru, na Argentina, Nicarágua, em Honduras e outros, somadas aos bolivarianos já constituídos, restaria muito pouco da direita na América Latina – a Colômbia ainda vai às urnas e Equador e Paraguai resistiram. Trata-se de um desequilíbrio gritante (e perigoso) no continente.

Não é exagero afirmar que o Brasil está sob o risco de recuar vinte casas no tabuleiro da história – tudo para que um partido tente reescrever a sua própria história e lave a biografia de personagens que agiram fora da lei. Esse é o risco PT.

 

 

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Silvio Navarro
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