SILVIO NAVARRO

Formado em jornalismo, acompanhou os principais fatos políticos do país nas últimas duas décadas como repórter do jornal Folha de S.Paulo em Brasília e na capital paulista, editor de Veja e âncora da Jovem Pan. É comentarista político da RedeTV! e escreve para a revistaoeste.com e o jornal O Liberal. Autor do livro "Celso Daniel - Política, corrupção e morte no coração do PT". | silvionavarrojornalista@gmail.com

Os ministros vão às urnas

Silvio Navarro

O governo Jair Bolsonaro sofrerá uma enorme debandada de ministros até o final do mês. A conta preliminar é de que pelo menos dez integrantes do primeiro escalão deixarão a Esplanada nas próximas semanas, quase metade das atuais 23 pastas. A Justiça Eleitoral impõe prazo de desincompatibilização de cargos para quem pretende ir às urnas em outubro.

As saídas já programadas envolvem alguns dos principais auxiliares de Bolsonaro, que entregam os postos com alta popularidade. O próprio presidente tem auxiliado nas costuras de candidaturas locais porque busca palanques fortes nos principais Estados e a ampliação da base no Senado, onde enfrentou percalços nos últimos anos, se for reeleito.

A pré-lista inclui três candidatos a governador (SP, BA e RS), cinco ao Senado (MS, RN, DF, AP e PE) e outros dois que devem disputar vagas na Câmara dos Deputados.

  1. Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura): é a grande aposta de Bolsonaro para concorrer ao governo de São Paulo. Uma votação expressiva no maior colégio eleitoral do país – um quarto do eleitorado brasileiro – pode ser decisiva para a corrida presidencial. Além disso, o orçamento do Estado, há três décadas nas mãos do PSDB, é maior do que o PIB da Argentina, por exemplo;
     
  2. Tereza Cristina (Agricultura): responsável pelo setor em franca expansão e que manteve a economia em pé durante a pandemia, ela concorrerá ao Senado por Mato Grosso do Sul. Há, contudo, auxiliares que defendem o nome dela como vice na chapa presidencial;
     
  3. Onyx Lorenzoni (Trabalho): homem de confiança do presidente, vai disputar o governo do Rio Grande do Sul;
     
  4. João Roma (Cidadania): é o candidato de Bolsonaro ao governo da Bahia, maior colégio eleitoral do Nordeste e o quarto do país;
     
  5. Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional): com a maior carteira de recursos para serem liberados no ano eleitoral (R$ 7,5 bilhões), vai concorrer ao Senado pelo Rio Grande do Norte;
     
  6. Damares Alves (Mulher e Direitos Humanos): se seguir o pedido do presidente, tentará desbancar Davi Alcolumbre do Senado pelo Amapá;
     
  7. Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia): vai concorrer a deputado federal;
     
  8. Gilson Machado (Turismo): o ministro sanfoneiro será candidato ao Senado por Pernambuco;
     
  9. Flávia Arruda (Secretaria-Geral): neoaliada do governo, assumiu o posto na última reforma ministerial, ela disputou uma vaga ao Senado pelo Distrito Federal.
     
  10. Anderson Torres (Justiça): é candidato ao Senado pelo Distrito Federal, mas Bolsonaro tenta demovê-lo da ideia para não criar atrito com Flavia Arruda e porque não tem um substituto para o ministério delicado.

Resta dúvida ainda sobre o destino de Fábio Faria, das Comunicações. Sua intenção era buscar uma cadeira no Senado pelo Rio Grande do Norte, mas o preferido de Bolsonaro é Rogério Marinho. Como seu pai, o ex-governador Robinson Faria, vai concorrer a deputado federal, ele deverá seguir na Esplanada dos Ministérios.

Segundo interlocutores de Bolsonaro, ele admite que ainda não tem "substitutos naturais" para todas as vagas – a Infraestrutura, menina dos olhos do governo, deve ficar com Marcelo Sampaio, servidor de carreira e número dois de Tarcísio. A tendência é de que nenhum deputado seja chamado para os demais postos, já que isso inviabilizaria sua participação em outubro. Ainda que camuflada, a campanha eleitoral começa, definitivamente, em abril.

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Silvio Navarro
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