SILVIO NAVARRO

Formado em jornalismo, acompanhou os principais fatos políticos do país nas últimas duas décadas como repórter do jornal Folha de S.Paulo em Brasília e na capital paulista, editor de Veja e âncora da Jovem Pan. É comentarista político da RedeTV! e escreve para a revistaoeste.com e o jornal O Liberal. Autor do livro "Celso Daniel - Política, corrupção e morte no coração do PT". | silvionavarrojornalista@gmail.com

Manchetes de oposição

Silvio Navarro

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 4,6% no ano passado. A retomada depois do "fique em casa, a economia a gente vê depois" é animadora. Foram gerados 2,7 milhões de empregos com carteira assinada em 2021, apesar do esforço de muitos governantes para que a pandemia fosse perpétua. O agronegócio avança em larga escala – é responsável por um terço da economia – e hoje alimenta o mundo. Aí é que vem o "mas"...

É claro que o papel dos analistas, na imprensa ou fora dela, é criticar e alertar sobre turbulências no horizonte. No Brasil, não há espaço para nenhuma notícia minimamente positiva. Pouco importa se a nossa economia demonstrou resiliência em meio a uma crise global ou se o governo conseguiu socorrer a faixa da população mais vulnerável. Para os especialistas que frequentam – e os que fabricam – manchetes na mídia, nada vai melhorar porque o presidente se chama Jair Bolsonaro. Há mais de três anos, para essa turma, ele simplesmente não tem o direito de governar, ainda que respaldado por 58 milhões de votos.

Não para por aí. A má vontade vai além do caderno de economia e finanças. Na seção de saúde, até hoje o presidente é tratado por articulistas como responsável por um genocídio nacional que nunca existiu. Se dependesse de figuras com a lisura dos senadores Renan Calheiros ou Omar Aziz e o senso de oportunismo de Randolfe Rodrigues, Bolsonaro deveria ter sido preso pelos xerifes do Supremo Tribunal Federal (STF). Mais: nas páginas do noticiário internacional, ele é criticado sobre o comportamento diante de uma guerra que acontece no Leste europeu – e da qual o Brasil não tem nada a ver. Numa metáfora natalina, é como procurar diariamente uma lâmpada queimada no enorme pisca-pisca.

Muitas críticas podem ser feitas à administração federal: reformas estruturais empacaram, foram recriados ministérios inúteis, alguns nomes em cargos de confiança são bastante questionáveis, a máquina estatal continua obesa e o próprio presidente, às vezes, faz questão de pisar em cascas de banana.

Então por que o bombardeio desmedido ao Palácio do Planalto? Porque Bolsonaro é a antítese dessa corrente que se autointitula "progressista" – a turma "meio intelectual, meio de esquerda", que luta pelas "girafas da Amazônia" e quer mudar o mundo com o cartão de crédito do pai.

Em agosto, pouco antes das eleições, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) vai a campo para a atualização do censo que foi adiado por causa da covid. O resultado vai apontar uma maioria absoluta de católicos e evangélicos, que defendem valores conservadores e trabalham duro – inclusive na pandemia, quando os especialistas estavam de pijama.

Aí virá o "mas, porém, entretanto". Porque o Brasil é o país da conjunção adversativa.

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Silvio Navarro
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