LUÍS ERNESTO LACOMBE

Formado em jornalismo, trabalha desde 1988 em televisão. Foram 20 anos na Rede Globo e passagens pela Rede Manchete e Bandeirantes. Hoje, tem dois programas na Rede TV!, dois projetos na internet e ainda é colunista de três grandes jornais do país. É autor de quatro livros, um deles best seller. Em 2021, venceu o prêmio Comunique-se, o mais importante da área de Comunicação no Brasil, em duas categorias. | lacombe@brasilmediahouse.com

O fôlego da verdade

Luis Ernesto Lacombe

Faz parte do cancelamento não oferecer oportunidade de defesa às suas vítimas. As acusações podem ser falsas, exageradas, não importa, a ideia é que elas não possam ser refutadas. As vítimas preferenciais têm sido os liberais e conservadores. A eles é vedada a presunção de inocência. Os atiradores são pessoas mal-intencionadas, militantes cegos. E os distraídos, preguiçosos e mal-informados, pela ignorância e omissão, acabam autorizando, apoiando o tiroteio. É como um novo “macarthismo”, igualmente condenável, não mais apontado para comunistas, para subversivos vermelhos. Os alvos agora são outros, são claros, e contra eles descarregam acusações sem fundamentação, intencionalmente e precipitadamente construídas, sequelas da covardia de um bando raivoso de cafajestes e demagógicos.

Não importa se Adrilles Jorge, jornalista, escritor, poeta, tenha feito uma longa explanação condenando o nazismo, apoiando a criminalização desse regime, bem como do comunismo, que fez muito mais vítimas do que Hitler. O gesto final de sua participação no programa de tevê, um “tchau”, nada além disso, virou uma “saudação nazista”. E ninguém honesto gastará muito tempo para encontrar outras edições do mesmo programa em que Adrilles se despede da mesma maneira. Um gesto deturpado maldosamente por uma turba insana, que foi, de forma absurda, acolhida, ouvida pelo dono da emissora da qual Adrilles era contratado. “Demitido!”, “Menos um!”, comemoram os fracos e canalhas. Como amigo e como alguém que carrega o sobrenome Heilborn, que traz o sangue dos Cohn, Bornstein, Philipsborn, eu me solidarizo com Adrilles Jorge.

No ano passado, já tínhamos descoberto o quão ofensivo pode ser ajeitar um paletó... Foi durante uma sessão no Senado. O assessor para assuntos internacionais da presidência da República, Filipe Martins, foi denunciado ao Ministério Público Federal por supostamente ter feito um gesto associado a supremacistas brancos dos Estados Unidos. Acabou absolvido pela Justiça. Em maio de 2020, parte da imprensa denunciava que apoiadores do presidente tinham feito uma saudação nazista, num encontro com Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Tratava-se, na verdade, de um gesto chamado imposição de mãos durante um ato de oração. Naquele mesmo mês, ao tomar um copo de leite durante uma live, Bolsonaro foi acusado de reproduzir uma prática de movimentos neonazistas americanos... Era apenas uma campanha de pecuaristas brasileiros para promover o produto...

E o slogan “Brasil acima de tudo” tem inspiração nazista? Quem combate um nazismo imaginário não quer saber que se trata de um brado da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército Brasileiro. Olha o cabelo do Bolsonaro! Não lembra o do Hitler? Os olhos claros... Menos Estado? Aproximação de Israel? Os canceladores fingem que não enganam e não se enganam... Insistem na mentira, que, como disse Winston Churchill, “viaja ao redor do mundo, enquanto a verdade está calçando os sapatos”. Para Alan Dershowitz, autor do livro “Cultura do Cancelamento”, hoje, com a internet, “a verdade não consegue nem encontrar seus sapatos”. Afirmo, no entanto, que a mentira, uma velocista, jamais terá fôlego para derrotar a verdade. A vida é uma prova de longa distância, de resistência, e os velocistas ficarão pelo caminho.

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