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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Sujeito oculto

Linomar Bahia

Todo o cuidado com ele sempre será pouco, porque sua alta periculosidade decorre justamente por estar escondido ou ardilosamente subentendido, para ser utilizado pelo manuseio das palavras e interpretação que convenham aos interesses e circunstâncias de quem e quando, lhes aprouver. A propósito, lembro saudoso deputado bragantino que, diante do “etecetera” num projeto de lei, então em apreciação no Legislativo estadual, protestou pela clareza do que significavam aquelas reticências, suspeitando que ali estava, como efetivamente estava, o real objetivo daquele “etc”.

Nestes tempos em que tudo no País parece andar em círculo, como se nada houvesse a fazer e vivêssemos sem qualquer problema que, pelo contrário, se somam aos montões, só se fala em “fake news”, que já ocupou incontáveis páginas e tempo da mídia. Ganhou maior destaque nas últimas semanas, com o advento de um projeto em que o sujeito oculto das intenções censoras ditatoriais é mais evidente do que está escrito, lembrando o pensamento do filósofo francês Henri Stendhal de que “a palavra foi dada ao ser humano a fim de que ele pudesse, com ela, encobrir seus pensamentos”.

Mentiras e pretensões mal intencionadas inseriram na vida nacional a presunção sintetizada em um “aí tem...”, responsável pelo constante “pé atrás” do brasileiro. Não poderia ser diferente com essa “lei das fake news”, posta sob suspeita de estar utilizando o pretexto da maior segurança nas redes sociais, mas embutir propósito de tolher o princípio constitucional da liberdade de expressão e, consequentemente, ficar a serviço dos interesses e circunstâncias, assim impedindo que sejam publicadas matérias que, embora verdadeiras, não convêm que sejam reveladas.

Sobram exemplos de camuflagem das realidades e distorcer os fatos, ao sabor dos humores de quem avalia, à semelhança do DIP, o temido Departamento de Imprensa e Propaganda da ditadura Vargas, reeditado por outras ditaduras e tentam reviver com outro nome, mas os mesmos objetivos de castração de direitos. Existissem as restrições ora pretendidas, ninguém teria sabido dos assaltos aos cofres públicos revelados pela Lava Jato que levou à cadeia, poderosos, inclusive, um ex-presidente de então. Entre as peças  alertando para o sujeito ocultado no projeto, um resume a verdadeira intenção:

“Não se iluda. Aqueles que defendem a censura, não estão preocupados com notícias falsas. Estão preocupados com as verdadeiras”. Defensores da liberdade de expressão e de pensamento explicam que o “sujeito oculto, ou elíptico, é aquele que não está visível na frase, mas pode ser identificado pelo contexto. Dessa forma, o sujeito existe, consegue ser identificado, mas não está expresso na oração”. E complementam com a famosa frase de Napoleão Bonaparte, também pertinente em fatos como os atuais ao dizer que “nada vai bem num regime político em que as palavras contradizem os fatos”.

 

Linomar Bahia é jornalista e escritor

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