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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Sobre as árvores

Linomar Bahia

Registra a sabedoria universal a conceituação poética de que “quem planta árvores, colhe alimento; quem planta flores, colhe perfume;quem semeia trigo, colhe pão equem planta amor, colhe amizade”. Quanto aos que nada plantam nem protegem as plantadas por outros, jamais desfrutarão de conceituação positiva que os distingam. Pelo contrário, arriscam aser sentenciadoscom a repulsa social e pela condenação ambiental.

Quando as consideraçõesenvolvem as utilidades das árvores, sobrevêm os pensamentosinspirados em reflexões sobre a aplicação às espécies do princípio de Antoine Lavoisier de que “na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, sintetizado no pensamento de que “se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente”.

Belém teve exemplos históricos de gestores preocupadose outros nem tanto, com a necessidade de árvores para atenuarema canícula com sombra ebrisa, formando os túneis verdes que encantam os olhos e ilustram o cartão postal da capital paraense como “a cidade das mangueiras”. O sempre bem lembrado Antonio Lemos atentou para a compatibilização da arborização com o clima, plantando as mangueiras para sombras e frutos.

Poucos sucessores têm seguido a preocupação, tanto na manutenção quanto no plantio de novas mudas em substituição às envelhecidas e na expansão dos locais plantados para amenizar a insolação em certas horas. Outras gestões sequer cuidaram das atenções necessárias,purgando o castigo de verem cair frondosos exemplares como consequência do descaso de setores que sequer mereceriam adesignação de “meio ambiente”.

Em 1943,houve um prefeito chamado Jerônîmo Cavalcante, importado pelo interventor Magalhães Barata,que logo decidiu por rearborizar a idade, começando pela retirada de todas as mangueiras da av. Assis de Vasconcelos, a partir da av. Marechal Hermes, restando apenas as atuais.A reação popular, encampada pelo jornal “Folha do Norte”, lhe custou o apelido de “Jerônimo, o lenhador”e a demissão a apenas dois meses da posse.

Outroscandidatos a “lenhadores” podem estar à solta,pouco ou nada se importando que as árvores sempre serão úteis, para embelezar a paisagem e atenuar a temperatura. A propósito, alguma autoridade responsável pela proteção do meio-ambiente poderia dar uma espiada sobre o tapume metálico que esconde o quanto a Praça dos Estivadores, ao lado do cais, pode estar sendo depenadaa pretexto deum pretenso “boulevard gastronômico”,

É o tipo do projeto de conotações política e ideológica, que chegou a ser ameaçado nos anos 2000, como contraponto social à Estação das Docas então inaugurada. Além do que a comercialização de comida popular ali parece um contrassenso a poucos metros do Ver-o-Peso e do centro da cidade já repletos de barracas do gênero. O que, além deeventual crime ambiental, consistirá em concorrência predatória entre os que vivem dessa atividade.

 

Linomar Bahia é jornalista e escritor

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