LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Saco sem fundo

Linomar Bahia

A Amazônia está novamente na moda e, como sempre, atraindo oportunistas midiáticos, políticos e financeiros, a maioria conhecendo a região apenas por fotografias ou “por ouvir dizer”. Planos e projetos voltam a ser lançados, como um certo “Centro de Estudos da Amazônia Sustentável” anunciado pela Universidade de São Paulo e uma tal “Nova Economia”, variações de velhas frustrações e sumidouros de muito dinheiro.

Apesar dos pesares, nada deve quebrar a eterna esperança de que a Amazônia venha a melhorar, embora sejam desanimadores os fracassos anteriores. Mesmo arriscando ser taxado de negativismo, não faltam razões para o desânimo das enganações dos diversos planos e projetos bilionários que prometiam tudo e deram em nada no desenvolvimento regional e consequente redenção econômica e social que nunca vêm.

Estão se repetindo os discursos ufanistas, repaginando planos que apenas têm enriquecido alguns enquanto empobrecem cada vez mais os outros milhões. Só nos últimos quase 100 anos, houve em 1942 o Banco de Crédito da Borracha como financiador dos seringais. Em 1950, virou o Basa, Banco de Crédito da Amazônia, hoje Banco da Amazônia dito com “a missão de oferecer crédito diferenciado para as atividades produtivas”.

Em 1953 e até 1966, a Spvea - Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia se notabilizou mais como antro de corrupção, razão da mudança para Sudam - Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia. Em 1988 e 1989 foi a vez do FNO-Fundo Constitucional de Financiamento do Norte e do Finam– Fundo de Investimento da Amazônia para “desenvolver pela pata do boi” e “integrar para não entregar”.

Cada lançamento tem sido acompanhado por um volume de recursos tão grandioso quanto a própria floresta, em montantes bilionários talvez suficientes para construir uma nova Amazônia, incorporando a modernidade, por exemplo, da badalada Dubai, para ficar numa das cidades do momento. Agora mesmo, estão aplicados R$ 3,3 bilhões e o BNDES dispõe de R$ 5,4 bilhões, dos quais R$ 1,8 bilhão já contratado.

É um saco sem fundo desses bilhões despejados há décadas, em nome de causas e efeitos, como a sustentabilidade velha de guerra e a nova reserva de carbono, sem que melhorem as condições de vida da maioria dos 30 milhões de brasileiros, entre ribeirinhos, que mal sobrevivem da pesca nos rios contaminados pelo mercúrio dos garimpos, e os silvestres, que vivem sob a ameaça de morrerem à sombra das árvores em pé.

Lançaram agora mais dessas falácias dignas do ceticismo de São Tomé de ver, para crer. Uma propõe transformar a Amazônia em paraíso terrestre até 2050; a outra promete zerar o desmatamento até 2030, para o qual os Estados Unidos doam 500 milhões de dólares, o Reino Unido 80 milhões de libras esterlinas e a Comissão Europeia dois bilhões de euros, recomendando esperar que, finalmente, o saco tenha fundo. Quem viver verá.

 

Linomar Bahia é jornalista, escritor e membro das Academias Paraense de Letras, de Jornalismo e Interiorana

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