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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Pontos a refletir

Linomar Bahia

Passagem de ano também é oportunidade para reflexões em meio aos tradicionais balanços dos resultados de Instituições públicas e privadas nos doze meses passados e planejamentos para os 365 dias que se iniciam. Quando coincide com renovações governamentais, o “deve” e o “haver” contábeis costumam registrar principalmente críticas aos antecessores adversários, enquanto prometem “mais e melhor”, hábito típico da natureza humana que voltam a exercer acaso não reelejam seus sucessores.

Histórias seculares contam que somente Tomé de Souza não teve do que nem de quem se queixar porque, como o primeiro governador geral do Brasil em 1549, não teve antecessor. Desde então, há 474 anos, sucessões em todos os níveis governamentais são pontuadas pelos pejorativos na depreciação dos antecessores, peculiaridade que integra um rosário de pontos a refletir entre as tantas causas responsáveis pelas consequências nas históricas incertezas e tropeços na acidentada vida brasileira.

Mini-série “8 presidentes e 1 juramento”, exibida pela Globo/Liberal neste início do novo ano, oferece um retrato do Brasil, com as mesmas carecas, bigodões e sofismas de todos os regimes sofismados e fracassados. Faltam apenas os falecidos integrantes da frota de Cabral e os degredados pela Coroa portuguesa para serem devorados pelos índios ou ceifados pela malária, mas deixando os maus costumes e ensejando reflexões sobre porque o país renova a cara de passado em vez de sinalizar o país do futuro.

Morem nas intenções as frases ufanistas das transições imperiais, democráticas e ditatoriais. O discurso da posse que Tancredo Neves não proferiu, por isso lido por José Sarney, começava dizendo “É proibido gastar”. Discurso de Dom Pedro I na inauguração do Senado e da Câmara dos Deputados, em 6 de maio de 1825,  praticamente se resumiu ao apelo para que os parlamentares “dessem especial atenção à fazenda pública e à educação da mocidade de ambos os sexos”, mas esquecida numa placa na parede.

Ao marcar o milésimo gol na partida Santos x Vasco na noite de 19 de novembro de 1969 no Maracanã, Pelé apelou “Pelo amor de Deus, olha o Natal das crianças, olha Natal das pessoas pobres, dos velhinhos cegos. Tem tantas instituições de caridade por aí. Pelo amor de Deus, vamos pensar nessas pessoas. Não vamos pensar só em festa. Ouça o que eu estou falando. É um apelo, pelo amor de Deus. Muito obrigado". Ainda custou ao “Rei do Futebol” o epíteto de “demagogo” pelos que sabiam não passar daquilo.

Na campanha de 2002 que resultou nos 13 anos de governo petista, Lula prometia que nenhum brasileiro dormiria sem as três refeições diárias, promessa não cumprida e renovada agora, dez anos depois, incluindo a picanha no fim de semana. Dorme nos anais da Câmara a pregação de Ulisses Guimarães de que “o inimigo mortal do homem é a miséria. (...) Mais miserável do que os miseráveis é a sociedade que não acaba com a miséria”. Nada mais que palavras nas promessas tão renovadas quanto esquecidas.

 

Linomar Bahia é jornalista e escritor

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