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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Lembrando Malba Tahan

Linomar Bahia

Entre os anos 1895 e 1974, viveu no Brasil um cidadão com o nome original de Júlio César de Melo e Sousa que viria a ser mais conhecido pelo pseudônimo de Malba Tahan criado por ele mesmo. Foi a forma de moldar a figura de alguém com esse nome adequado à concepção de um personagem literário, necessária a quem estudava  a cultura e a língua árabes, emprestando identidade às suas obras, especialmente quanto ao estilo, à linguagem e à ambientação.

Viria a se incluir entre os propagandistas da matemática, seguindo os rastros dos árabes na eternização da matéria, ao traduzirem os clássicos gregos produzidos por Apolônio, Arquimedes, Euclides, Ptolomeu e continuados pelos seguidores em todos os continentes, impedindo que se perdessem com o fechamento da escola de Atenas pelo imperador Justiniano, como sempre, pela resistência às verdades dos números que lhes podem ser desfavoráveis ou condenatórios.

Foi mais além ao se empenharpela popularização da ciência dos cálculos, publicando nos principais jornais brasileiros da época uma coluna denominada “Matemática Curiosa e Divertida”. Brincava com os valores oficias com que os governantes sempre procuraram iludir a bôa-fé do respeitável público, números que, segundo dizia o presidente Itamar Franco, “não mentem mas são manipulados por mentirosos, tal e qual os biquinis mostram o supérfluo e escondem o essencial”.

Vivesse nos tempos recentes, Malba Tahan estaria fazendo sucesso com os os propagados milhões em nome, por exemplo, das obras de despoluição da Baía da Guanabara em 1992 que continua ainda mais poluída, ou as melhorias prometidas para a Copa do Mundo de 2014 que além dos históricos 7x1 da Alemanha sobre o Brasil, continuam inacabadas dez anos depois, chegando às tragédias das regiões serranas do Rio e à recente inundação do Rio Grande do Sul.

Quanta matemática curiosa e divertida poderia ser produzida, nestes dias, com os bilhões anunciados, sem nenhuma forma de acreditar que haja tempo para se efetivarem, para dezenas de ações a pretexto de servirem à Cop 30, programada para novembro do próximo ano de 2025. Acaso fosse possível amontoar em cédulas de 100 reais, a quantidade de bilhões que dizem destinadas ao evento, talvez pudessem competir com a frondosa floresta amazônica.

Desde que se começaram a falar em COP 30 na Amazônia, a montanha de dinheiro ganhou maior dimensão, desafiando quantos dominam os cálculos matemáticos e são capazes de fazer deles objeto de curiosidade e divertimento, ao que se somam outros milhões consumidos através da Spvea/Sudam, em nome do desenvolvimento regional esperado não efetivado desde 1953, há 71 anos. Para onde foram, poderia ser cômico, não fosse trágico como deliciava Malba Tahan.

 

Linomar Bahia é jornalista e escritor, membro das Academias Paraense de Letras, de Jornalismo e Literária Interiorana

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