LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Juízo final

Vivemos mais uma das constantes temporadas de caça ao tesouro, agora pontificada principalmente pela liberação judicial dos bilhões de multas indenizatórias por assaltos aos cofres públicos, associada a outros tantos desvios financeiros onde quer que haja dinheirona continuada e insaciável gula generalizada sobre as arcas do país. Para que se tenha uma noção, mesmo que mínima, em relação ao todo, do alcance condenável das inúmeras práticas delituosas, basta refletir sobre as terríveis consequências que provocam na imagem de protagonistas e na falta que os valores dos desfalques fazem ao básico das enormes camadas carentes da população.

São ilustrativas recentes ocorrências político-judiciais-policiaisque ampliaram o desgastel do Brasil entre os mais corruptos do mundo. Em consequências de tantas heterodoxias o país caiu dez posições, despencando para o 104º lugar no ranking dos 180 países pesquisados na pior classificação desde 1995.Levantamento da CNI sobre os danos políticos, administrativos e sociais da corrupção, constatou que cada real desviado equivale a três reais que faltam ao essencial do povão. Contamina e seduz os honestos, aumenta a ineficiência governamental, dissemina a sensação de impunidade e desmoraliza as instituições como valores democráticos.

Algumas decisões, envoltas em suspeição, corroboram o desafio contido na famosa expressão atribuída ao imperador romano Júlio César, de que “a mulher de César não basta ser honesta, deve parecer”, quando dos percalços conjugais protagonizados pela esposa Pompéia ao promover uma festa exclusivamente feminina no império.Entre as punições que deveriam ser aplicadas aos corruptos, deveriam incluir uma visita às vítimas da corrupção na pobreza das periferias, percorrer as esquinas onde até crianças suplicam pelo que comer, ver adultos revirando lixeiras em busca de sobras e as condições em que sobrevivem moradores de rua .

Como que a prever a necessidade de fiscalizar o bom uso dos recursos dos impostos que pagamos, o então ministro da fazenda Rui Barbosa, instituiu em 1890 o embrião nacional dos Tribunais de Contas, com a finalidade de cumprirem esse papel e desestimular a corrupção, todavia frequentemente mascarada pelo neologismo de “ressalvas”.Coube ao mesmo Rui Barbosa uma das mais célebres constatações da fragilidade fiscalizadora dessasinstituições, exprimida na frase “de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Aos que desanimam com a tolerância com os bilhões desviados da saúde, segurança e educação, transformados em patrimônios e estilos nababescos de vida, resta esperar que os corruptos sejamsubmetidos ao juízo final, em que pecadores serão punidos com as penas proporcionais aos pecados à custa da desgraça alheia.

 

Linomar Bahia é jornalista, escritor e membro da Academia Paraense de Letras, Academia Paraense de Jornalismo e Academia Literária Interiorana

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