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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Hoje, Como Sempre

Linomar Bahia

Em meados do século XX, Stefan Zweig, judeu-austríaco em fuga dos horrores do nazismo, celebrou a escolha do país para viver com o livro “Brasil, o País do Futuro”, crença que alimentava diante das riquezas que vira em suas andanças nacionais. Quase 100 anos depois, a previsão do escritor insiste em não se confirmar, vítima dos eleitos e designados com essa finalidade, mas dedicados a agir em sentido exatamente contrário, perpetuando a pobreza que juram e prometem defender, enquanto usam os pobres como trampolim para construírem as próprias riquezas.

Contribuem para isso práticas que fazem o Brasil objeto de pilhérias que ferem os brios nacionais. Para Oscar Niemeyer, projetista da Capital, “Projetar Brasília para os políticos que vocês colocaram lá, foi como criar um lindo vaso de flores para vocês usarem como penico”. Affonso Romano de Sant´Anna poetizou "Mentiram-me ontem e, hoje, mentem novamente. Mentem de corpo e alma, completamente. E mentem de maneira tão pungente que acho que mentem sinceramente. Mentem, sobretudo, impunemente. (...) E de tanto mentir tão bravamente, constroem um país de mentira – diariamente”.

Tantas agruras pontuaram marchinhas carnavalescas, criticando comportamentos e procedimentos e parodiam o preceito bíblico, ao rezar “venha a nós, mas ao vosso reino, nada”. Chegou ao repertório dos compositores da MP brasileira, entre eles, o saudoso Cazuza que, com sua irreverência cantou ao versos “Não me convidaram / Pra esta festa pobre / Que os homens armaram / Pra me convencer / A pagar sem ver / Toda essa droga / Que já vem malhada / Antes de eu nascer / Brasil / Mostra tua cara / Quero ver quem paga / Pra gente ficar assim / Brasil / Qual é o teu negócio / O nome do teu sócio / Confia em mim (...)”.

Citações e vaticínios expressados ao longo destes 200 anos, refletem preocupações e certezas que se confirmam, impedindo o Brasil de ser aquele país do futuro e permaneça deitado no berço esplêndido da bandeira nacional. Prevendo a roubalheira, Rui Barbosa, então ministro da Fazenda, criou em 1890 o Tribunal de Contas da União, o que não o impediu de manifestar, não muito tempo depois, que “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos homens, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Nada sinaliza mudança radical nos maus hábitos e péssimos costumes que deixam o País neste permanente estado de incertezas, confirmando as proféticas palavras do marechal Deodoro da Fonseca, em carta na transição da monarquia para a República. Escreveu que “República no Brasil é coisa impossível. Porque será uma verdadeira desgraça. Pois o único sustentáculo do Brasil é a monarquia. Se estamos mal com ela, pior sem ela”. Precavido, aconselhou o sobrinho a não se envolver com os republicamos, certamente para evitar o comprometimento com o que viria a acontecer e está acontecendo, como sempre.

 

Linomar Bahia é jornalista e escrito

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