LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Consenso oco

Linomar Bahia

Essa expressão, vocalizada pela ministra Marina Silva, resume a frustração refletida na “Declaração de Belém” expondo que “as pontas continuam tão soltas” como há 14 anos e provavelmente se repetirá noutros 14 anos, mudando os personagens, mas mantendo as mesmas variações sobre mais dos mesmos temas. Terminadas as reuniões e discursos, recauchutando as velhas propostas para resolver todos os problemas que a Amazônia acumula há séculos e nunca solucionados, chegamos à conclusão de tudo resolvido, mas nada feito, como um copo que não está nem cheio, nem vazio.

Avaliar o que restou de uma semana de palavrórios e autopromoções, provavelmente restariam apenas o colapso do sistema hoteleiro com o consequente sinal de alerta para hospedagem na Cop-30. Mostraria a “maquiagem” nas vias para esconder as mazelas da cidade que terão de ser superadas neste curto espaço de dois anos. E a denúncia de um ativista ambiental, arrematada com pornografia pertinente, dizendo que os europeus que condenam o desmatamento são os mesmos que devastaram as florestas e saquearam as riquezas da África, deixando como legado a pobreza e a miséria.

Mas uma vez pareceram evidentes os tantos interesses conflitantes, cada um puxando para os lados que lhe convêm, a exemplo dos burros da cooperativa. Reafirmando a máxima de que Brasília governa de costas para o Brasil, por conta das conveniências foram barrados exatamente os amazônidas, que sofrem os piores indicadores de todos os critérios de avaliação das condições de vida humanas e são privados de usufruir das riquezas do solo e do subsolo, abrindo espaço a quem mal conhece superficialmente a região ou, quando muito, “por ouvir dizer”, para se promover e defender causas.

Tal como o macaco que não olha para o próprio rabo, os canadenses viram incêndios florestais consumirem lá, em dois meses, o dobro de tudo quanto dizem ter a Amazônia perdido em três anos. Uma CPI está passando a limpo e abrindo a caixa preta das mais de 600 Ongs nacionais e estrangeiras que operam na região e, com as bênçãos de organismos oficiais, entravam o desenvolvimento da Amazônia. Está revelando desvios de bilhões dos recursos que deveriam ser utilizados em benefício de indígenas e comunidades que sobrevivem, sabe Deus como, nas localidades remotas da região.

Conhecedores de fato da realidade regional consideram existirem três estados paralelos na Amazônia, constituídos por prefeituras, ongs e instituições federais, que parecem estar a serviço de interesses alheios. A eles se acrescentam o narcotráfico e o crime organizado, explicando porque, há décadas, todos os órgãos e projetos regionais têm fracassado nos objetivos, apenas alimentando a corrupção e condenando a Amazônia a patinar eternamente no atoleiro dos geradores do vazio consensual, indicando que qualquer Cúpula será sempre com a qual, ou sem a qual, tudo continuará tal e qual.

 

Linomar Bahia é jornalista, escritor e membro das Academias Paraense de Letras, Jornalismo e Interiorana

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