Até quando? Linomar Bahia 17.05.23 15h47 A exemplo da interpelação de Cícero à devassidão de Catilina no antigo senado romano, essa pergunta deve torturar as cabeça dos quantos esperam por alguma solução, em algum momento, para os graves problemas morais, políticos e sociais que afligem o país. Os mesmos que ficam desconfortáveis com o “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”, nas contradições entre práticas inadequadas no trato de dinheiro público, o mesmo dinheiro que falta ao essencial das pessoas. Ganhou destaque com a revelação dos gastos de R$ 6,6 milhões nas recentes viagens presidenciais, dos quais R$ 3,2 milhões só em hospedagens de luxo, exorbitantes até para marajás dos petrodólares. Ainda mais gritante quando comparada às despesas dos países ricos nas mesmas viagens, repercutindo nos R$ 14 milhões consumidos no cartão corporativo da Presidência em apenas quatro meses, enquanto 30 milhões passam fome e outros 100 milhões sobrevivem na linha da miséria. Contrassensos entre o discurso e a prática na vida nacional refletem a insensibilidade daqueles que deveriam combater as causas das profundas desigualdades sociais com o próprio exemplo. Paradoxos que também se manifestam nas reuniões a pretexto de equacionar soluções para superar a pobreza, sem que as caras tremam quando se banqueteiam em regabofes requintados e se locupletam com os recursos bilionários que políticos atribuem a si mesmos e aos seus interesses. Enquanto os desvarios e deslumbramentos causam estranheza ao mundo na mesma proporção em que parecem não constranger os praticantes, cresce e se amplia a lista das necessidades básicas dos brasileiros sem sinais de que venham a ser superadas. Somam 100 milhões aqueles que não dispõem de esgotos e ultrapassam os 35 milhões quantos não dispõem de água tratada, razões de moléstias, deficiências na segurança pública e deixam o sistema de saúde pela hora da morte. Nas ruas brasileiras, cresce o número de pedintes e moradores de rua, engrossando a legião dos “sem teto”, situação que coloca o Brasil entre os cinco piores no mundo. Somente em Brasília onde, segundo Nelson Rodrigues, não há inocentes, porque todos são culpados e cúmplices, superam 200 mil os seres em situação de rua, constituindo uma triste e lamentável síntese da miséria de um país que já foi cantado como “país do futuro”, fazendo Brasília também capital das desigualdades. Até quando? Eis a pergunta que constitui um desafio à paciência popular, lembrando reações históricas que têm na Revolução Francesa o maior exemplo. Ao mesmo tempo em que suscita a interrogação “Até quando abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós? A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?” contida nas “Catilinárias” com que Cícero verberou a devassidão que o senador Catilina promovia no senado romano de então. Linomar Bahia é jornalista e escritor Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave Linomar Bahia linomar bahia COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Linomar Bahia . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM LINOMAR BAHIA Linomar Bahia Aonde vamos? 12.03.24 16h46 Linomar Bahia Juízo final 21.02.24 12h56 Linomar Bahia Estão faltando “Eles” 21.02.24 12h53 Linomar Bahia Desvios de rumos 26.01.24 12h42