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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Acerto de contas

Linomar Bahia

Em muitos colégios eleitorais, inclusive em municípios paraenses, a eleição municipal de outubro vindouro ultrapassa o campo restrito da disputa de votos e passa a caracterizar espécie de acerto de contas entre partidários e adversários eventuais.

Coloca em campos opostos os que se consideram preteridos nas candidaturas, estando do outro lado, considerados devedores, particularmente na última eleição municipal, aqueles que os deixaram sem os apoios de que se achavam merecedores.

Será mais um desafio às lideranças políticas e eleitorais, desviando a atenção que, em condições normais de temperatura e pressão, deveria ser concentrada na viabilização de candidatos preferenciais, no que se alinham familiares e amigos. Uma outra situação que também adquire a conotação de um acerto de contas, em que os eleitos são questionados por não honrarem compromissos assumidos nas campanhas nem atenderem as promessas que os credenciaram aos votos.

Comentava um professor do meu tempo que a política é a arte de somar votos e dividir pessoas. Há lembranças de candidatos e ocupantes de cargos majoritários flagrados ao afirmarem que o político tem que mentir, conceituação que embasaria frase atribuída a Tancredo Neves, segundo a qual o candidato deve ter um programa para se eleger e outro para governar, inclusive como forma de sobrevivência, em flexibilizações que remetem as ciências políticas exclusivamente ao campo da filosofia.

Conceituações milenares registram a visão prática da política e sobre como agem os políticos, por autoproteção e vantagens auferidas. Ainda antes de Cristo, o poeta romano Ovídio já dizia, em sua obra “Heroides”, que “o fim justifica os meios”, frase que viria a ser mais difundida muito depois, em 1532 da era Cristã, atribuída ao italiano-florentino Nicolau Maquiavel no famoso “O príncipe”, significando que quando os objetivos forem importantes o suficiente, qualquer método para os atingir é aceitável.

Muitos políticos, conhecidos aqui e alhures, classificados como estrategistas pelas formas como manejam as ações e movem as pedras do tabuleiro político-eleitoral, utilizam as lições maquiavélicas como guias dos atos e práticas de cada dia. Há os que adotam como livro de cabeceira “A arte da guerra”, considerado escrito em torno de 500 a.C. pelo general chinês Sun Tzu, com estratégias que podem ser exploradas para além dela, como em conflitos pessoais internos ou do mundo dos negócios.

Quantos se acham credores e aqueles considerados devedores, têm os acertos de contas já em andamento como se sabe ocorrer em nossas redondezas. Todavia, assim como as nuvens nunca são as mesmas e em política até boi pode voar, faz sentido lembrar o personagem “shakespeareano” Hamlet dizendo a Horácio que “há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe sua vã filosofia”. Ou Getúlio Vargas, quando disse que “em política, não existem amigos eternos nem inimigos irreconciliáveis”.

 

Linomar Bahia é jornalista e escritor, membro das Academias Paraense de Letras, de Jornalismo e Literária Interiorana

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