‘Simplicidade e fé’, resume Dom Júlio sobre o primeiro Círio como arcebispo
Arcebispo se prepara para viver o primeiro Círio de Nazaré à frente da arquidiocese de Belém, em transição de responsabilidades com Dom Alberto

À frente de uma das maiores arquidioceses do país, o novo arcebispo metropolitano de Belém, Dom Júlio Endi Akamine, viveu dias de preparação intensa para o Círio de Nazaré 2025. Nomeado inicialmente como coadjutor — para dividir e, progressivamente, assumir as responsabilidades do agora arcebispo emérito Dom Alberto Taveira Corrêa —, ele participou ativamente do planejamento da festa, imprimindo seu olhar pastoral e espiritual a esta que será a sua primeira grande procissão à frente do comando das celebrações.
Natural de Garça (SP), Dom Júlio trouxe para a Amazônia uma trajetória marcada pelo ensino da teologia e pelo serviço pastoral em diferentes regiões do país. Em Belém, sua missão é clara: garantir uma transição serena na liderança da Igreja local, preservando a força das tradições, mas também apontando para novos horizontes de evangelização.
Crescer na fé
Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, o arcebispo revelou que sua expectativa para o Círio está ligada, antes de tudo, a um amadurecimento pessoal na fé. “Eu espero crescer na fé em Cristo. Quando a gente olha para a própria fé, percebe que ela é muito pequena. Por isso, a oração ‘Senhor, eu creio, mas aumenta a minha fé’ é tão necessária”, disse.
Inspirando-se na figura de Maria, Dom Júlio recorda o episódio bíblico em que Isabel saúda a prima grávida: “Bem-aventurada aquela que acreditou”. Para ele, Maria é a “vanguarda da fé” e um modelo para todos os cristãos. “Ela é a mulher que acreditou. Espero, como fruto deste Círio, crescer na fé. Nunca é demais pedir isso a Nossa Senhora: que ela me ajude a aderir mais firmemente a seu Filho Jesus Cristo”.
Espiritualidade e cuidado com a criação
O tema deste ano, “Maria, Mãe e Rainha de toda a criação”, ressoa de maneira especial para Dom Júlio, que enxerga nele um chamado à simplicidade e à responsabilidade no uso dos recursos naturais. “A criação é um dom que Deus fez a todos, não só para alguns. Não é uma riqueza a ser desfrutada apenas pelas elites, mas um dom de amor feito a todos”, afirmou.
Segundo o arcebispo, esse cuidado com a criação começa por uma espiritualidade enraizada na austeridade e na gratidão. “Uma espiritualidade que limita o uso dos bens, porque é cheia de Deus e rica do Espírito Santo, não precisa de compensações materiais. É profundamente arraigada na Sagrada Escritura e na fé cristã”, explicou.
Para ele, o Círio é também um convite a olhar para o destino final da humanidade, simbolizado na figura de Maria glorificada no céu. “Nela, a criação atingiu a plenitude que Deus deseja. Olhar para Nossa Senhora Mãe da criação significa olhar para onde nós queremos chegar, desde que vivamos essa espiritualidade de simplicidade e alegria no Espírito”, refletiu.
Preparação espiritual
Dom Júlio enfatiza que a melhor forma de se preparar para o Círio é cultivar a vida de oração e participação nos sacramentos. “Antes e durante o Círio, é preciso intensificar a oração pessoal e comunitária. É oportuno que as pessoas participem da missa, façam suas confissões, pratiquem penitência. Tudo isso prepara para que o Círio seja uma experiência com muitos frutos espirituais.”
O arcebispo coadjutor sabe que a expectativa da cidade se volta não apenas para a festa, mas também para sua atuação, num momento de transição na liderança da Igreja em Belém. E, se depender dele, essa mudança será guiada pela serenidade, pela devoção e pela simplicidade que prega. “O Círio é uma oportunidade para fortalecer nossa fé e viver com mais gratidão o dom da criação. É isso que quero viver e transmitir”, concluiu.
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