Sem procissão e com Basílica fechada, missa Vigília de Adoração reuniu dezenas na Casa de Plácido

Iniciada na quarta-feira (7), às 8 horas, a Vigília de Adoração ao Santíssimo Sacramento encerrou às 6h30 desta sexta-feira (9), na Casa de Plácido. Após a Vigília, mas os participantes dessa vez não saíram em procissão até a Basílica Santuário, pertinho dali, onde uma missa seria celebrada a partir das 7h. Esse cortejo não ocorreu porque a Basílica foi fechada neste final de semana -s egundo anúncio feito esta quinta (9) pela Diretoria da Festa de Nazaré.

Desse modo, a celebração da missa ocorreu na própria Casa de Plácido, logo após o fim da Vigília. A celebração durou até as 8h. 

Em comunicado divulgado na tarde, a assessoria da Basílica reafirmou que a igreja não estará aberta ao público e recomendou que os devotos acompanhem as homenagens de casa.

"Seguindo as recomendações do Ministério Público do Estado do Pará, informamos que a Basílica Santuário de Nazaré estará fechada neste final de semana do Círio. #FIQUEEMCASA e acompanhe toda a programação, ao vivo, pelas nossas plataformas digitais", explicou. 

Por isso, a missa ocorreu na Casa de Plácido mesmo, no Centro Social de Nazaré, e foi celebrada pelo Padre Luiz Carlos Nunes Gonçalves, reitor da Basílica Santuário. Ele destacou que a Vigília foi em preparação ao Círio 2020. “É importante que nós nos preparemos para este evento aos pés de Jesus, como fez Maria, quando Jesus foi visitar a casa dela”, disse o padre.

'Tudo está na mãos de Deus', disse padre 

“Enquanto Marta trabalhava, ela escutava Jesus. A atividade do Círio é assim: existem aqueles que estão trabalhando, que estão organizando, que devem fazer tudo para que as coisas aconteçam do melhor modo possível. E existem aqueles que fazem o papel de Maria, de escutar o senhor, de estar com ele, fazer-lhe companhia em oração por todos. Portanto, esta é uma ação em favor de toda a Igreja que celebra, aqui em Belém, o evento do Círio de Nossa Senhora de Nazaré”, avaliou o Padre Luiz Carlos Nunes Gonçalves. 

Padre Luiz Carlos: "É a vontade de Maria"  (Igor Mota / O Liberal)

O padre Luiz Carlos acrescentou: “Isso para demonstrar também que nós acreditamos que tudo está nas mãos de Deus e que devemos fazer a nossa parte. Aquilo que nos compete, a nossa parte humana. Mas na certeza de que tudo se realiza de acordo com a vontade de Deus e que devemos ser seus colaboradores. Para que o reino de Deus aconteça precisa ser ação de Deus em primeiro lugar e ação nossa. Jesus nos convidou a segui-lo, para fazermos parte do seu reino, sermos construtores desse reino. Por isso, nós devemos fazer tudo para que esse reino aconteça, para que Jesus senha conhecido, amado, seja anunciado”. 

Ainda segundo o padre, “essa é a vontade da nossa mãe, a Virgem Maria, que nos aponta sempre para ele, quer que façamos a vontade do seu filho”.

Orações pedem paz e bons dias para o Círio

A Vigília de Adoração, que soma 48 horas de adoração ao Santíssimo Sacramento, pede todos os anos tranquilidade no Círio. Esse ano a vigília não foi realizada na Capela Bom Pastor. 

Cerca de 200 instituições, entre paróquias, pastorais e escolas católicas, se revezam na Casa de Plácido, no Centro Social de Nazaré. Cerca de 60 casais foram convidados pela Diretoria da Festa para o acolhimento e organização da adoração, com coordenação do casal João e Carla Barros. A Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) emite um documento de constituição de uma Comissão Especial exclusiva para a finalidade de organizar a vigília. 

A programação foi realizada pela primeira vez em 2001, pela DFN, como um dos momentos de preparação espiritual para o Círio. No primeiro ano, teve 24 horas de duração. Em 2002 passou a ter 48 horas. A cada duas horas, cinco a oito equipes dos movimentos participantes se revezaram em adoração e louvor, dia e noite, ao Santíssimo Sacramento. Tradicionalmente, após o término da Vigília, há a saída do Traslado para Ananindeua, o que, por causa da pandemia e do cancelamento das procissões, não ocorreu este ano.

Dezenas de devotos foram à Praça da Basílica Santuário (Akira Onuma / O Liberal)

Romeiros seguiram para cerimônia em Belém

A administradora Denise Silva, de 38 anos, saiu da igreja Matriz de Castanhal às 17h de quinta-feira (8). E, por volta das 8h30 desta sexta-feira (9), ela continuava a caminhada pela avenida Almirante Barroso, passando pelo Bosque Rodrigues Alves. Antes, ela recebeu atendimento no posto montado em frente ao Hospital Metropolitano.

“Fizeram curativos nos dois pés. Estou cheia de calo. Um calo ficou em carne viva”, disse. “Lavaram os dois pés, passaram óleo para aliviar. Colocaram gazes e atadura. E envolvi em uma meia. É muito puxado”, contou.

Ela faz esse percurso a pé há três anos. Mas é o décimo ano do grupo do qual ela faz parte. “No ano passado, eu fiz uma promessa e obtive a graça”, contou. A graça alcançada está relacionada à saúde, à vida profissional e a uma situação familiar, “o que estava me deixando muito aflita. E consegui obter essa graça, com a ajuda de Deus e de Nossa Senhora”.

Mesmo com a pandemia, Denise resolveu fazer essa caminhada, motivada pela fé. “Não só por conta da promessa que fiz no ano passado, mas para agradecer por tudo o que já passamos. Foram momentos difíceis. Eu, minha mãe e minhas filhas pegamos covid”, contou.

Mas todos eles ficaram bem de saúde. “Mais um motivo pra agradecer. Passei duas semanas bem ruim com covid, com mal- estar, sem disposição”, lembrou. “Temos fé e vamos terminar o percurso”, garantiu.