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Sacrifício na corda fortalece a devoção

FÉ – Promesseiros da corda relatam graças e planejam alternativas de homenagear a Virgem de Nazaré nas ruas, mantendo as medidas de proteção contra o coronavírus

ERICKA PINTO
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Pés descalços; mãos firmes; pessoas amalgamadas pela dor e o calor de uma caminhada de quase dois quilômetros. Esses são os romeiros que todos os anos acompanham ou já acompanharam o Círio na corda. Neste domingo, 11 de outubro, as ruas por onde passa a berlinda certamente não estarão vazias, mas um dos símbolos de grande expressão de fé, agradecimento e sacrifício humano, estará disponível apenas para a contemplação dos devotos de Nossa Senhora de Nazaré. 

Em virtude da pandemia de Covid-19, a diretoria da Festividade do Círio suspendeu todas as romarias e uma forma de aproximar os promesseiros foi colocar uma parte da corda em exposição na Estação das Docas durante a quadra nazarena. A outra parte foi dividida e distribuída às 96 paróquias da Arquidiocese de Belém.    

Motorista particular, Hugo Peps Leão Neto, 40 anos, sabe bem o significado do sacrifício de acompanhar o Círio na corda. A vontade surgiu ele ainda era criança, inspirado pelo tio que já acompanhava o Círio na corda. Aos 15 anos, decidiu-se e, desde então, não parou mais.

Inicialmente, Hugo Neto foi movido pela curiosidade, mas logo ela cedeu lugar à fé e à gratidão pelas graças alcançadas. Em setembro de 2017, a mãe de Hugo, Rosana de Souza Leão, 60 anos, descobriu um tumor na supra renal direita, glândula sobre os rins cuja função é regular o metabolismo de substâncias no corpo e liberar hormônios em situações de estresse.

Naquele ano, com o terço da mãe nas mãos, Hugo acompanhou a procissão na corda e dedicou toda a sua fé a Nossa Senhora de Nazaré.

MILAGRE

“Eu não consigo explicar o que eu sinto e quando eu falo sempre me emociono. É uma energia tão forte quando termina a procissão que eu me sinto renovado espiritualmente”, relembra.

Em dezembro do mesmo ano, Rosana foi submetida a uma cirurgia para a retirada do tumor e um mês depois veio o resultado da biópsia que atestou: era benigno.

“O próprio médico que fez a cirurgia me disse que foi um milagre, porque todos os exames eram sugestivos para a doença, inclusive o material que foi retirado. Hoje eu só tenho a agradecer a Deus e pela intercessão de Nossa Senhora”, comemora Rosana.

Mesmo sem a corda, Hugo Neto e os amigos decidiram que farão o mesmo trajeto da procissão no domingo do Círio, respeitando as normas de segurança, com o uso de máscaras e o distanciamento físico.

“Essa foi a forma que nós encontramos, como promesseiros da corda, de prestar nossa homenagem e agradecer à Santa”.

GRATIDÃO

O cirurgião-dentista Sidney Saint Clair, 50 anos, também acompanha a procissão como promesseiro da corda desde muito jovem, aos 17 anos. A razão vem do desejo de agradecer a Deus e a Nossa Senhora por tudo o que vivenciou durante o ano.

Ele conta que sua mãe, dona Mara da Paz, hoje com 75 anos, fez um pedido a Nossa Senhora para que o próximo filho que ela tivesse fosse um menino. Saint Clair nasceu no dia 11 de outubro de 1970, um domingo de Círio.

“Eu sou o próprio milagre que minha mãe recebeu de Nossa Senhora”, brinca o cirurgião-dentista, que, neste domingo, 11 de outubro, comemora os 50 anos de vida com uma caminhada, desde a Catedral até a Praça Santuário, como forma de agradecimento à Virgem Maria.

Na família do analista de sistemas, Leandro Sena, 37 anos, a preparação para o domingo do Círio será semelhante à de anos anteriores. Do grupo de promesseiros do qual ele faz parte, 90% é de familiares.

“Participar como promesseiro da corda é uma tradição na minha família. Tenho primos e tios que moram fora do país e todos os anos, nessa época, vêm participar com a gente”.

Para Leandro, participar como promesseiro da corda representa renovação e fé.

“O que mais me emociona naquele momento é ver que todos somos iguais, porque ali todo mundo se ajuda, presta solidariedade. Seria melhor se isso ocorresse no dia a dia também”, ressaltou.

CAMINHADA

Apesar do sacrifício, o analista de sistemas afirma que, enquanto tiver força, continuará acompanhando o Círio na corda. “Minha intenção sempre foi de agradecer por tudo o que vivi durante o ano, seja ele bom ou ruim. Este ano não haverá a corda, mas isso não nos impedirá de prestar nossa homenagem e nosso agradecimento”, afirmou.  

Neste domingo do Círio, os familiares e amigos de Leandro pretendem se reunir, novamente, na casa de um dos tios dele. De lá, seguem para a Sé, de onde partirão em caminhada até a Basílica de Nazaré.  

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Círio
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