Família guarda a fé em Deus e na Virgem de Nazaré

O tema do Círio deste ano é “O Evangelho da Família na casa de Maria”. A temática foi formulada para que todos os paraenses reflitam sobre a importância da fé dentro dos núcleos familiares, regidos por Nossa Senhora de Nazaré, explica o arcebispo de Belém, dom Alberto Taveira Corrêa. O tema é cheio de sentido para famílias como a da dona Raimunda do Rosário Teixeira, de 61 anos, devota de Nossa Senhora de Nazaré que durante grande parte da sua vida trabalha para que a chama da fé não se apague na sua família.

Viúva e mãe três filhos, dona Raimunda repassou aos filhos os valores que ela guarda desde a juventude. Ela cresceu em uma família de base católica e estudou em colégio de freira. Na adolescência ela já frequentava a paróquia São Pedro e São Paulo, no bairro do Guamá, em Belém. “Meus pais me ensinaram a ir para a missa todos os domingos”, conta. Hoje ela mora em Ananindeua, no Conjunto Guajará 1, e participa da paróquia São Lucas, no mesmo bairro. “Todos os valores que aprendi com os meus pais eu repassei aos meus filhos. Hoje toda a minha família é católica e devota de Nossa Senhora de Nazaré”, explica. 

Em meio às voltas que a vida dá, anos depois, dona Raimunda se casou com o homem que morou próximo à sua casa e que frequentou a mesma paróquia que ela. “Nós morávamos próximos, mas não nos conhecíamos. Quando ficamos adultos, eu me ausentei um pouco das atividades na igreja por questões de trabalho, mas depois retornei para a missão e veio o encontro com o meu esposo. Ele faleceu há seis anos e nós fomos muito felizes nos anos que passamos juntos”, conta. 

Dona Raimunda costuma rezar o terço todos os dias (Sidney Oliveira)

Logo após o casamento feio o primeiro filho, Leonardo Roberto do Rosário Teixeira, hoje com 31 anos. Ele cresceu dentro da igreja e dela não saiu mais. Hoje é casado e faz parte da Guarda de Nazaré. “Nós nascemos para servir. Essa é a nossa grande missão”, acredita o professor. Ele foi, inclusive, o grande incentivador para o seu seu irmão, Mário Junior do Rosário Teixeira, de 24 anos, também ingressar na guarda. “A vida nos empurra para uma corrida desenfreada por uma boa posição no mercado de trabalho, mas é possível conciliar a vida profissional com uma vida de missão dentro da Igreja”, avalia Leonardo. 

Engajados em grupos e movimentos na igreja, dona Raimunda e os filhos têm uma agenda cheia, principalmente no período do Círio. “Nossa caminhada é sempre juntos na igreja. Participamos da santa missa todo domingo. Hoje concilio as atividades na Basílica com as minhas atividades na minha paróquia São Lucas, aqui no Guajará. Sou muito feliz assim”, conta. 

Dona Raimunda diz que já recebeu muitas graças de Nossa Senhora de Nazaré (Sidney Oliveira)

Pela fé, uma grande graça alcançada 

Dona Raimunda se emociona ao falar da sua gratidão a Deus e a Nossa Senhora de Nazaré. Ela já recebeu várias graças, mas destaca uma delas, a aprovação do seu esposo em dois concursos, o que mudou a vida da sua família. Ela conta que em 1984 ambos ocupavam altos cargos em uma empresa multinacional. Ao saírem do emprego eles viveram um período de grandes dificuldades financeiras. “Acabou o dinheiro e ficamos no zero, batemos no fundo do poço, afundados em dívidas. Cheguei a precisar dos favores de irmãos”, recorda.

Nessa época o Exército abriu um concurso e só tinham seis vagas para Belém. Seu marido se inscreveu para a vaga de cozinheiro. Logo em seguida abriu um concurso da UFPA e ele também se inscreveu. “No dia que ele foi fazer a primeira prova, eu fui à Basílica, participei da missa e comecei a chorar. Lembro que chorei tudo que pude naquele dia. Conversei muito com Nossa Senhora, pedi para ela interceder a Jesus por nós. E pedi com muita fé para que meu marido passasse. Fiz a promessa de que se ele fosse aprovado ele iria na corda”, conta. 

Filhos seguem os ensinamentos da mãe (Sidney Oliveira)

Dias depois veio a aprovação. Ele ficou em terceiro lugar no Exército, onde trabalhou 27 anos, e em primeiro lugar na UFPA. “Esse é um testemunho de fé que conto onde eu vou. Sempre digo que é preciso confiar em Deus e na intercessão de Nossa Senhora”, diz. Outro ponto destacado por dona Raimunda é não ir à igreja apenas quando se precisa de alguma coisa. “A minha caminhada foi desde sempre. Não só para pedir, mas também para agradecer”, diz. 

“O segredo para guardar a fé na sua família é dar o exemplo. Meus filhos sempre me viram ir para a igreja, não apenas na época do Círio. Eu criei eles nas mesma linha que eu fui criada”. 

Raimunda Rosário Teixeira 

A família participa de um grupo de oração que este ano já visitou 17 casas. O grupo com 20 membros também desenvolve obras sociais e é fruto da amizade do filho Leonardo. “Os filhos foram trazendo suas mães, e hoje o grupo é uma grande família. Com as nossas ações já conseguimos ajudar comunidades do lixão de Benevides, da Colônia do Prata e do Perpétuo Socorro. Nós recolhemos roupas, cestas básicas, e assim contribuímos para amenizar as desigualdades sociais”, explica”.

Os dois filhos de dona Raimunda ingressaram na Guarda de Nazaré (Sidney Oliveira)

Segundo dona Raimunda, o tema do Círio deste ano é bastante propício. “Precisamos mais que nunca guardar a fé. Inclusive os temas dos encontros deste ano estão puxando bastante a orelha das famílias para que não vão à igreja apenas em épocas de Natal ou de Círio. Como contribuo para o crescimento espiritual da minha família? Como não perder a minha raiz cristã? Esses são alguns dos questionamentos”, finaliza.