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No Círio de Nazaré, devoção sobre duas rodas ganha força e atrai cada vez mais ciclistas

Em grupos de bairro, centenas de fiéis transformam a bicicleta em devoção. Unidos pela Fé é um dos exemplos dessa tradição em expansão.

Gabriel da Mota
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A cada outubro, Belém e região metropolitana respiram o Círio de Nazaré em todas as formas possíveis de devoção. Se há quem caminhe em promessas, também cresce, ano a ano, a presença de quem manifesta a fé sobre as duas rodas de uma bicicleta — gesto que une espiritualidade, comunidade e cuidado com a criação, em sintonia com o tema deste ano, “Maria, Mãe e Rainha de toda a criação”. É assim para dezenas de grupos que se organizam para acompanhar romarias como o Traslado para Ananindeua e Marituba, realizado na antevéspera da grande procissão.

Entre esses grupos, está o Unidos pela Fé, fundado em 2022 no bairro do Icuí, em Ananindeua. A iniciativa nasceu pequena, com apenas nove amigos, mas rapidamente ganhou corpo. Hoje, já são cerca de 30 integrantes pedalando juntos, vindos também de bairros vizinhos como Paar e Cidade Nova. Para eles, a bicicleta não é apenas meio de transporte: é sinal de resistência, de comunidade e de fé. “A cada ano tentamos crescer, sempre renovando as energias e a espiritualidade”, conta Jadson Luz, 27 anos, auxiliar administrativo e um dos fundadores do grupo.

Uniforme

O grupo se destaca pela criação de um uniforme novo a cada ano, sempre inspirado nos símbolos do Círio, como o cartaz e o manto da imagem de Nossa Senhora. A ideia é fazer da camiseta um elo entre a identidade do grupo e a própria festividade. 

image Registro do grupo uniformizado na Praça Matriz de Marituba, um dos pontos finais da romaria do Traslado (Arquivo pessoal)

Assim como outros coletivos de ciclistas católicos, o Unidos pela Fé começa a preparação meses antes do Círio. Os encontros servem não apenas para discutir modelos de camisa e logística do trajeto, mas também para fortalecer os vínculos espirituais e comunitários. “A gente se reúne no segundo semestre, troca ideias e planeja como atrair mais pessoas. Tudo é feito de forma colaborativa”, diz.

Memória

Um dos episódios mais marcantes da trajetória do grupo é a lembrança do senhor Nonato, pai de uma das integrantes. Desde o primeiro ano, ele fazia questão de receber os ciclistas em sua casa, no bairro do Paar, oferecendo almoço, lanche e água durante o percurso até Marituba. O gesto, simples e generoso, virou promessa.

“Ele dizia que a partir daquele ano, a casa dele estaria aberta para nós. Infelizmente, desde o ano passado ele não está mais conosco, mas a família manteve a tradição. Hoje a gente o homenageia com um banner em frente à residência”, conta Jadson.

image Integrantes do grupo reunidos em frente à casa de seu Nonato no Traslado de 2024, segurando um banner em homenagem ao apoiador já falecido (Arquivo pessoal)

Desafios

Apesar do entusiasmo, manter o grupo não é simples. Sem patrocínio fixo, os custos de produção de camisas e organização da logística recaem sobre os próprios integrantes. “Nosso maior desafio é financeiro. Muitas pessoas querem pedalar uniformizadas com a gente, mas às vezes não conseguem arcar com o valor da camisa. Fazemos rifas para arrecadar fundos e conseguir ampliar a participação”, conclui Jadson.

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