Neto de um dos criadores da berlinda fala sobre a relação com o Círio de Nazaré

André Martins Peixoto esteve nas ruas de Belém neste domingo (10) e resgatou a memória do avô, o artista João Pinto Martins, que esculpiu a atual berlinda no ano de 1964

João Paulo Jussara
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Um dos símbolos mais importantes do Círio é a berlinda que conduz a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Ela foi introduzida na festividade há quase 170 anos, em 1855, e ao longo do tempo, ganhou diferentes formas. A atual foi construída no ano de 1964 e é a quarta berlinda da história. O artista João Pinto Martins, considerado um dos maiores escultores do Pará, levou cinco meses para esculpir a obra, toda em cedro vermelho, madeira que veio do município de Ourém.

Neste domingo de Círio, a memória do artista, que morreu em junho de 1991, aos 86 anos, foi resgatada mais uma vez. O neto de João Pinto Martins, o motorista André Martins Peixoto, de 50 anos, esteve nas ruas de Belém para agradecer à Virgem Maria pela saúde da família. Ele contou que foi com o avô que descobriu a fé e devoção por Nossa Senhora de Nazaré.

Com uma mini berlinda, construída pela esposa, a artesã Josiana Silva, o casal leva o agradecimento em cima da motocicleta. São nove anos com a berlinda na moto, e em cada Círio, as flores e o manto da imagem que eles levam são trocadas. "É bem diferente, porque é a minha esposa que ornamenta. Esse é o nosso agradecimento pela saúde de todos", contou André Martins.

Devoto desde criança, o motorista disse que sempre acompanhou as procissões marianas ao lado do avô. No ano passado ele não compareceu ao Círio, por conta da pandemia, mas neste ano, por estar vacinado, resolveu matar a saudade. "É um Círio difícil, mais uma vez, sem procissões oficiais. Mas eu vim aqui também para pedir bênçãos à minha sobrinha, que completou um ano de falecida, e também pela nossa família", pontuou.

image André Martins e a esposa, Josiana Silva, agradeceram à Nossa Senhora de Nazaré pela saúde da família (Caio Oliveira/ O Liberal)

História

A berlinda foi introduzida no Círio de 1855. Puxada por animais, era algo parecido aos carros europeus, adaptado para conduzir a imagem no colo de uma pessoa. Em 1890, por ordem do bispo Dom Macedo Costa, uma nova berlinda foi fabricada. O prelado pediu um modelo onde ninguém precisasse conduzir a imagem em seu colo durante a procissão. Da antiga berlinda, foram aproveitadas as rodas e as hastes, que serviram de base para uma redoma envidraçada, ornamentada de flores e brocados. No centro da redoma, ficava a imagem da Virgem de Nazaré.

Em 1925, Dom Irineu decidiu transformar a berlinda em andor. A Santa, assim, passou a ser conduzida sobre os ombros dos devotos até o Círio de 1930. No Círio do ano seguinte, a berlinda voltou à procissão. Em 1963, a terceira berlinda de madeira foi substituída por outra de ferro e cristal. O povo não gostou. No ano seguinte, em 1964, surgiu a quarta versão e última versão, esculpida por João Pinto Martins.

(Karoline Caldeira, estagiária sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades de O Liberal)

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