Joias de Nazaré: pesquisa do curso de design da Uepa ressalta a moda e a fé

O Círio como uma festa múltipla e diversificada, chega até as universidades e academias, resultando em diferentes pesquisas e trabalhos. Um desses trabalhos mais recentes é o da professora mestre Rosângela Gouvêa Pinto, do curso de Design da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Ela coordena uma pesquisa relacionada ao Círio, que proporciona a participação dos estudantes da Universidade no setor joalheiro do Pará. Conceituais, exuberantes e criativas, a Coleção Joias de Nazaré 2021 ficará exposta até 31 de outubro.

Todos os anos, os alunos que se destacam nas disciplinas de Design e Joias e Projeto 3, que tratam sobre joias, são selecionados para inserir no projeto Lua Nova, do Programa Polo Joalheiro. Esse ano, os alunos Milene Costa Batista, Talissa Pamplona Gemaque, Débora Patrícia de Araújo Silva e Kewin Guimarães Machado, do curso de Design da Uepa, apresentaram suas peças em exposição.  Além de incentivar os alunos a empreender no mercado joalheiro, a participação dos estudantes no evento promove a experiência, na prática, sobre como é a produção de joias.

No ano em que a Coleção Joias de Nazaré completa 18 anos, o Espaço São José Liberto apresenta trabalhos que unem fé, sustentabilidade, natureza e cultura. Além de homenagear Nossa Senhora, com o tema “Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia”, as mais de 130 peças da coleção fazem refletir sobre o período de devastação intensa que vem dizimando a floresta amazônica nos últimos anos. Segundo dados do Instituto Amazon, a região perdeu uma área equivalente a nove vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro, em apenas 12 meses.

A coleção apresenta peças feitas em ouro, prata e gemas minerais. São usados também materiais de cunho natural, oriundos da floresta e do artesanato, como as cascas, as fibras e as madeiras.  São colares, pingentes, brincos, pulseiras, anéis, braceletes e broches. “Esse ano nós investimos na fabricação de broches para trabalhar a questão do tema. Na coleção, o elemento coroa se faz presente, simbolizando a realeza de Nossa Senhora de Nazaré”, explicou a professora e especialista em joias, Rosângela Gouvêia

Por acontecer em Belém, no meio da Amazônia, a professa conta que o círio é a maior inspiração para a criação das peças. “O Círio é o maior acontecimento de cunho religioso, popular, cultural, que a nossa cidade têm. Então ele possui um grande repertório imagético que possibilita a criação de objetos, principalmente objetos de cunho religioso, que sustenta a fé, e as joias religiosas sempre estão em alta”, disse.

Para a professora Rosângela, ter a natureza e a sustentabilidade, aliadas ao principal elemento da coleção, que é a fé, trouxe resultados incríveis, com os designers absorvendo inteiramente o tema. “Foi abordado para além da imagem peregrina propriamente dita, os design eles criam diversos tipos de mantos com florais, com gemas, com esse material que eu falo alternativo, também temos algumas peças com pedras brutas de determinados designs, que também gostam de trabalhar dentro dessa linha”, ressaltou

Como professora da Universidade do Estado do Pará (Uepa), ela conta que sempre leva os estudantes, para ter a experiência do processo do trabalho do designer de joias, especificamente, desde a concepção de um projeto, até a concepção produzida da sua peça.

As Joias de Nazaré ultrapassam a ideia de que a joia religiosa existe apenas para proteger e como são muito diferenciadas daquela peça religiosa clássica, o design possibilita que sejam usadas em diferentes ocasiões, aumentando a demanda. Com um público cada vez maior, foi criada uma loja exclusiva para comercialização das Joias de Nazaré, dentro do Espaço São José Liberto, durante todo o ano.