Festa da Chiquita ensina que viver o Círio é acolher a todos

Evento é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e pela Unesco, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

João Thiago Dias
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Em 2022, na noite do dia 8 de outubro, a Festa da Chiquita vai renascer das cinzas após o período da pandemia de covid-19. E deve voltar ao local de origem: no Bar do Parque, na Praça da República, em Belém. Essa é a promessa da organização do evento, que chega à edição 45 com o tema “Origem, renascendo das cinzas”.

É uma festa que reúne cerca de 500 mil pessoas para um momento que une homenagem à Nossa Senhora de Nazaré e celebração e luta pela igualdade e respeito de movimentos sociais, com grande engajamento da comunidade LGBTQIA+.

A programação começa após a Trasladação, no sábado, às vésperas do Círio. Após a passagem da Berlinda pela avenida Presidente Vargas, na Praça da República, é dada a largada para a Festa da Chiquita, com shows de transformistas, travestis, transexuais, drag queens e misses gays. Há muita cor e brilho diante de debates sociais.

A “Chiquita” é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e pela Unesco, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Além disso, a Lei N° 9.025, de 17 de março de 2020, declarou a festa como patrimônio cultural de natureza imaterial do Estado do Pará.

Mesmo com a pandemia, o evento seguiu, mas de forma adaptada. Em 2020, foi transmitido em live direto de um estúdio sem plateia presencial, mas com várias atrações. Em 2021, em versão semipresencial, foi realizado no centro de cultura Memorial dos Povos, em Nazaré. Agora, em 2022, a ideia é voltar às origens no Bar do Parque, afirma o artista Elói Iglesias, coordenador da festa.

“Estamos vindo de um processo de apagão. Por isso o tema deste ano diz respeito à fênix. Ao renascimento. Renascer das cinzas para a luz. Vamos tentar começar do zero, de onde paramos antes da pandemia, com todas as conquistas já alcançadas.”, diz Elói. “A Chiquita é uma homenagem da comunidade de artistas e movimentos sociais que, também, enxergam ali (no Círio de Nazaré) um espaço de território livre para conversar sobre várias pautas”, completa.

Para o artista, a manifestação cultural fortalece a visibilidade de quem se destaca em meio ao contexto LGBTQIA+. “Sempre recebemos artistas de vários lugares do Brasil e do mundo. Inclusive, tem muita gente que vem de outros países que nem conhece o Círio. Viaja por conta da Chiquita, que ficou popularmente famosa em outros países por conta do documentário ‘As Filhas da Chiquita’, que foi exibido em vários circuitos de cinema do mundo. Além da nossa homenagem à santa, é um momento de luta contra preconceito, racismo, desigualdade e de defesa pela diversidade e pela conquista de poder”, acredita Elói.

Uma manifestação bem bacana

A Festa da Chiquita foi criada pelo sociólogo carioca Luís Bandeira, na década de 1970, em Belém. A partir de 1990, a festa passou a ser coordenada pelo artista Elói Iglesias, que propôs uma mudança na dinâmica do movimento, tornando-a uma festividade voltada para um público mais alternativo, com status de grande show. A origem do nome faz referência à música “A filha da Chiquita Bacana”, de Caetano Veloso.

Círio Nossa História

image Brinquedos se tornaram elementos lúdicos do Círio (Mácio Ferreira / Arquivo O Liberal)

Brinquedos de miriti

No município de Abaetetuba, no nordeste paraense, existe um grande simbolismo do Círio de Nossa Senhora de Nazaré: os brinquedos de miriti. São representações de canoas, pássaros, cobras, pessoas e outras expressões populares. O artesanato é feito a partir do miritizeiro e se tornou elemento importante da cultura da Festa de Nazaré. A paixão pelos brinquedos coloridos de miriti está estampada nos pontos de entrada dos turistas em Belém, que visitam a cidade para o Círio. O aeroporto, o porto hidroviário e o terminal rodoviário chegam a ser decorados com brinquedos em tamanho ampliado. A ornamentação “ciriana” também ganha as casas dos devotos e encanta tanto crianças quanto adultos.
 

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