Empreendedores investem em peças originais que simbolizam sentimentos
Camila Miranda 'eterniza' mãos de pessoas queridas moldadas a gesso. Conceição Batista pinta santos a mão
A fé em Nossa Senhora de Nazaré é manifestada de diversas maneiras, principalmente quando há criatividade naqueles que buscam formas simbólicas para homenagear a padroeira dos paraenses. Para materializar o amor, é comum que muitos devotos procurem peças artísticas que remetem ao período do Círio e relembre a essência dessa manifestação religiosa. É o exemplo da enfermeira Camila Miranda, de 47 anos, que produz esculturas de mãos e pés feitas de gesso.
Camila comenta que sempre observou as mães guardando peças importantes dos filhos, como dentes, umbigo, primeiro sapatinho, entre outros. Foi então que, durante a pandemia, surgiu a ideia de produzir peças que carregassem um significado especial e ainda possibilitassem ter uma segunda fonte de renda. “Pensei em fazer esculturas de mãos e pés de bebês, fui atrás de cursos, e hoje, faço escultura de qualquer membro da família ou pet”.
Repleta de histórias, Camila, que é muito católica, ressalta que sempre há um significado especial em cada encomenda que recebe. Ela conta que nunca consegue conter a emoção quando vai fazer a entrega das peças aos clientes.
“Tem filha que já fez as mãos da mãe com a Nossa Senhora de Nazaré. Ela pediu para fazer as mãos porque se ela partisse, ela teria as mãos da mãe para tocar todos os dias e se sentir mais perto dela”, destaca a enfermeira.
As vendas dos moldes inspirados no Círio, com a imagem de Nossa Senhora, aumentam em comparação com outros meses. Isso porque, de acordo com a empreendedora, muitos clientes buscam reforçar a fé, por meio do toque, e mostrar o seu amor à Nossa Senhora.
“Em um momento tão difícil como esse (de pandemia), essas pessoas não perderam a fé, pelo contrário, elas acharam que era a única coisa que tinha para fazer e o que restou. As pessoas não podem ir às ruas, mas esta também é uma forma de demonstrar, pois eternizar as mãos com a Nossa Senhora é mostrar à ela o amor e essa é uma demonstração pura de que a fé do paraense não se abala mesmo diante de uma pandemia como essa”, pontua Camila.
Além dela, Conceição Mainieri Batista, de 62 anos, começou a trabalhar com produtos para o Círio há 12 anos. A empreendedora iniciou com camisas e pinturas em caixas de MDF, mas depois começou a pintar santos à mão, em especial a Nossa Senhora de Nazaré, que segundo ela, é a maior fonte de inspiração e é a peça mais procurada durante todos os meses do ano.
A empreendedora conta que as suas produções são enviadas para todo o Brasil e até para países como Portugal e Áustria. “Ao longo de todo ano a procura pela aquisição de Nossa Senhora de Nazaré é boa, mas setembro, e em especial outubro, se intensifica, mais que dobra. Hoje, a minha maior honra é que minhas Nazinhas são produtos oficiais do Círio, com selo e tudo”.
Criada em uma família católica, Conceição não esconde a devoção pela Santa, e destaca que quando sofreu um acidente, Nossa Senhora foi fundamental para o seu processo de recuperação.
“Nossa Nazinha foi meu porto seguro, tanto pelo período para pronto restabelecimento, como para cura em si. Me encaminhou para excelentes médicos, fisioterapeutas e promoveu o meu equilíbrio, bem como de minha família, tornando mais suave esse tempo”, relembra Conceição.
Para ela, a materialização da imagem da Santa é uma forma de evangelização, e pontua que os compradores quase sempre buscam as peças para essa finalidade. Além disso, as peças a motivam com mais amor à Nazinha e dedicação ao trabalho.
Emilly Melo, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política
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