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Devoto de Nossa Senhora de Nazaré transforma promessa em homenagem ao achado de Plácido

A homenagem faz parte de uma promessa que o eletricista Harley Silva, 44, paga há mais de 20 anos, em agradecimento pela cura da síndrome de Fournier

Gabriel Pires

Após mais de 20 anos carregando a imagem de Nossa Senhora de Nazaré na cabeça com um manto iluminado durante a Grande Procissão do Círio, o eletricista Harley Alberto da Silva, de 44 anos, vai renovar sua devoção na romaria deste ano. Ele vai representar o achado do caboclo Plácido, trazendo a imagem da padroeira dos paraenses envolta pela floresta: mostrando de um lado as folhas secas da devastação e, do outro, o verde da Amazônia. A homenagem faz parte de uma promessa que Harley paga há mais de 20 anos, em agradecimento pela cura da síndrome de Fournier. Para ele, o que era um sinal de desesperança se tornou expressão de fé.

Ao descobrir a síndrome, Harley lembra que foi desenganado pelos médicos. Eles comunicaram à sua família que não havia mais esperança, pois ele não estava reagindo aos medicamentos e nada mais poderia ser feito. “E foi nesse momento que eu me peguei à devoção à Nossa Senhora de Nazaré. Em 2000, fiz uma promessa: que, se ela me tirasse daquele leito, daquela enfermidade, em que eu estava há um mês, eu iria levar a imagem todos os anos no Círio de Nazaré. E assim eu faço há 24 anos”, afirma o devoto.

“Só que, nesse ano, vou fazer de uma forma diferente. Há 24 anos levo a imagem com um manto. Mas, agora, vou levar a imagem em forma do achado do caboclo Plácido, da forma que ele encontrou a imagem na beira do igarapé, no meio da floresta. Considerando a COP 30 que ocorrerá este ano, em Belém, decidi trazer a imagem envolvendo-a com uma parte da Amazônia totalmente seca, devastada pela queimada, pela devastação e a outra parte mostrando o verde representando a Amazônia. E também vai ter uma fonte de água natural caindo na imagem e sobre as folhas”, acrescenta.

Devoção

Para Harley, pagar a promessa tem um significado especial por conta da devoção. “Eu pedi para a nossa senhora no leito em que eu estava e, no decorrer de uma semana, fui obtendo resultado do antibiótico. O mesmo que o médico disse que não estava fazendo efeito. E depois, quando eu cheguei em casa, tive a resposta disso, que foi ela mesmo que me curou, que me tirou de cima daquele leito. Em 2000, minha mãe não pôde comparecer ao sorteio das imagens da Santa, mas algo me impulsionou a ir e acompanhar. O sorteio ocorreu na igreja Santa Maria Goretti, no bairro do Guamá.

Promessa

“Chegando lá, me sentei na última cadeira e pensei: ‘Nossa Senhora de Nazaré, se foi a Senhora que me curou daquela enfermidade, que o nome da minha mãe seja sorteado agora para receber esta imagem’. Foi muito emocionante quando chamaram o nome dela, e eu fui receber a imagem. Naquele momento, tive a confirmação de que foi ela quem me livrou daquela doença e me deu a cura. E até o fim da minha vida, cumprirei essa promessa”, acrescenta.

Ornamentação

Harley detalha que realiza a ornamentação sozinho. Ele explica que, ocasionalmente, quando opta pelo formato tradicional com o manto e a pedraria, necessita do auxílio de um artesão para a parte da pedraria. No entanto, neste ano, ele fez só, incluindo a parte tecnológica dos LEDs, a água, a bomba e a autonomia da bateria para que a água caísse e a iluminação fosse projetada sobre a imagem durante toda a procissão. O devoto conta que faz todo o percurso da Grande Romaria com a imagem na cabeça, desde a saída na Igreja da Sé até a Basílica de Nazaré.

Outro detalhe é que ele leva um manto iluminado na Trasladação, por conta de uma graça alcançada pela saúde da filha. A escolha do manto é feita em um concurso de desenhos produzidos por crianças da Igreja dos Capuchinhos, em Belém, que inclusive terá exposição no próximo domingo (21). “Todos os anos é uma imensa gratidão, e eu vou honrar, enquanto eu tiver vida e condições. Essas duas promessas eu vou honrar enquanto eu puder. É muito gratificante, quando a gente vai à procissão, a gente se sente com o dever cumprido. Tudo que a gente recebe de Nossa Senhora de Nazaré é muito mediante tudo que a gente faz no dia a dia”, relata Harley.

“Sempre fui muito devoto. Desde pequeno, meu pai me levava no colo para ver os fogos na praça dos estivadores, e não saíamos de lá enquanto a queima não terminasse. Eu era muito pequeno. Depois, fui crescendo, com 12, 13, 15 anos. Comecei a acompanhar a passagem da imagem e, após adquirir essa doença, tornei-me ainda mais devoto, fiz essa promessa e a cumpro até hoje”, completa Harley.

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Círio de Nazaré
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