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Círio de trabalho e saudade

Márcio Lins / Especial para O Liberal

O Círio muda o clima em Belém e, com as redações dos jornais e telejornais, não é diferente. Círio é sinônimo de muito trabalho. O corre-corre aumenta, as escalas ficam totalmente modificadas, o sacrifício é maior! Alguém reclama? Nunca vi. Vejo que até mesmo os profissionais que não têm ligações com a religião católica trabalham neste período com prazer. Desde 2007, quando entrei na TV Liberal, “curtir o Círio” plenamente só é possível mesmo no almoço de domingo em família. Também não reclamo! Trata-se de uma cobertura extremamente positiva. Em meio às tantas notícias ruins que divulgamos no dia-a-dia, o fim de semana do Círio é dedicado a temas ligados à fé e à esperança em dias melhores.

Falar de Círio parece ser bem fácil, ocorre todos os anos, crescemos acompanhando toda a história que envolve as procissões, mas é sempre um grande desafio para os jornalistas. No meu caso, é sempre difícil segurar a emoção em meio à concentração de repassar informações corretas ao vivo para praticamente todo o Estado. Graças a Deus, o telejornalista está menos “robotizado” e o público entende tranquilamente que, por trás daquele repórter de TV, existe um ser humano com emoções como qualquer pessoa.

Este ano, a cobertura do Círio está sendo ainda mais desafiadora sem o nosso João Carlos Pereira. Digo "nosso", porque ele foi uma pessoa tão grandiosa em vários aspectos que cada um pode respeitosamente chamá-lo de seu. A sua ausência está sendo sentida pelos telespectadores. Por onde ando, muitas pessoas comentam como está diferente sem sua presença física. João Carlos era uma grande enciclopédia do Círio. O pouco que sei da nossa festa religiosa devo a ele. A disposição e a alegria em falar da devoção ao longo dos séculos nos davam ainda mais curiosidade. O João era daqueles inquietos, buscando um aspecto diferente, algo interessante para apresentar ao público.

Mas esse lado todo mundo conhece. O que talvez poucos conheçam era o seu lado bem humorado, divertido. Cada encontro era recheado de piadas e comentários cheios de graça. Pelo menos comigo, não havia espaço para tristeza. Enquanto escrevo, parece que ouço ele dizer: “olha, lá o que tu vais escrever de mim hein!?” São tantas coisas boas, João, que não cabem aqui! A gente trabalhava diretamente no Círio e em algumas coberturas especiais como a Semana Santa. Não chegavam a ser quatro vezes ao ano trabalhando mais perto, mas ele era uma pessoa tão especial e tão íntima da gente que parecia um companheiro de todos os dias. Para matar essa saudade imensa, de vez em quando, revejo algumas de nossas conversas virtuais e ouço os áudios que ele mandava pelo WhatsApp. Nos últimos contatos, ele já internado no Hospital, me mandou mensagem elogiando a roupa que estava apresentando o jornal. Uma generosidade aliada a uma alegria difícil de encontrar. Todos os agradecimentos e homenagens que estamos fazendo para você, João,  são muito pequenos perto da grande pessoa que você foi, meu amigo!

 

Márcio Lins é jornalista, apresentador da TV Liberal

marciorebelo@gmail.com

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